domingo, 7 de junho de 2009

Policiais se contradizem sobre tiro

Um dos PMs que chegaram primeiro ao local da queda do carro de engenheira admite ter visto perfuração na lataria. O outro nega

Adriana Cruz, Amanda Pinheiro e Vania Cunha

Rio - O tiro que atingiu o para-brisa dianteiro do carro da engenheira Patrícia Amieiro se transformou no detalhe principal da investigação do desaparecimento da jovem, em 14 de junho do ano passado. Em depoimento, os dois policiais militares que chegaram primeiro ao local do suposto acidente revelaram uma contradição fundamental para o caso: enquanto um diz ter visto a perfuração no veículo, o outro nega.
Tanto a Delegacia de Homicídios e como Ministério Público cogitam a realização de uma acareação entre os policiais para esclarecer a divergência nos novos depoimentos. As diferenças nos relatos desmontam a versão de que a vítima havia sofrido apenas um acidente e pode fechar o cerco aos oito PMs envolvidos — outros seis são suspeitos de remover o corpo do local.
A existência da perfuração no para-brisa foi um dos motivos para a transferência do caso, há três semanas, da 21ª Vara Criminal para um dos quatro tribunais do júri, onde são julgados crimes contra a vida.
Na primeira versão apresentada pelos PMs, o carro de Patrícia perdeu a direção na Autoestrada Lagoa-Barra e despencou para o Canal do Marapendi. O caso, que estava sendo tratado como acidente de trânsito, passou a ser investigado como crime assim que a família da vítima, dias depois, encontrou marcas de tiros na lataria. Quarta-feira, a polícia fez a reconstituição do crime. O laudo deve sair em 10 dias.
Hoje, às 10h, a família e os amigos de Patrícia fazem carreata na Barra para cobrar o esclarecimento do caso.
Delegado acredita que mistério está perto do fim
De acordo com o delegado Ricardo Barboza, da DH, além do laudo da reconstituição, outras análises que devem ser concluídas ainda esta semana vão finalmente pôr fim ao mistério sobre o sumiço da engenheira.
“Nosso objetivo com esses exames é verificar se as versões correspondem às provas técnicas”, explicou Barboza ao fim da reconstituição realizada quarta-feira. Antes de fazer a nova perícia, a polícia já sabia que a queda do carro da jovem não foi apenas um acidente.
Além disso, agentes da DH investigam também o desaparecimento de duas das principais testemunhas do acidente. O casal de moradores de rua que dormia sob o viaduto de onde o carro despencou chegou a ser ouvido, mas está desaparecido desde então. Existe, no entanto, uma outra testemunha que se apresentou à polícia.
Suspeita sobre versões
A contradição nos depoimentos dos policiais sobre a perfuração encontrada no carro de Patrícia é apenas uma das questões que põem em dúvida a versão apresentada no dia do desaparecimento da engenheira.
Outro detalhe que chama atenção dos investigadores foi o fato de o para-brisa dianteiro do automóvel ter sido quebrado com uma pedra de oito quilos, supostamente para procurar um ocupante do carro. O ato, no entanto, poderia ter destruído provas.
Ainda de acordo com a versão sustentada pelos militares, Patrícia foi arremessada no canal após a queda. No entanto, os agentes da DH querem saber como a engenheira pode ter saído do carro se o cinto de segurança permaneceu afivelado e o banco foi rebaixado.

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