domingo, 28 de junho de 2009

Uma Índia diferente da novela

Príncipe assume que é gay e choca sociedade de seu país, que admite homossexuais, mas proíbe sexo entre homens. Apesar de tudo, ele conseguiu virar ativista, quer adotar um filho e promover uma parada gay em sua terra natal

Rio - Ele não está na novela, mas sua história parece ter saído de uma obra de ficção. Num país onde o sexo entre homens é considerado crime, o príncipe Mavendra Singh Gohil, 43 anos, foi a primeira pessoa da antiga linhagem real indiana a admitir ser gay publicamente, apesar de haver mais de 500 famílias nobres na nação retratada em ‘Caminho das Índias’. Com o tempo, ele conseguiu se transformar em ativista respeitado pelos direitos dos homossexuais.
Recentemente, o ‘Pink Prince’, como é conhecido internacionalmente, esteve até na Parada Gay de São Paulo. E já disse que pretende levar o evento para sua cidade natal, Rajpipla. O conservadorismo daquela região era tão grande que, quando a opção sexual do príncipe veio a público, súditos da região de Gohil, na fronteira com o Paquistão, queimaram bonecos com seu nome.
O príncipe contou em entrevistas que sua sociedade é tão fechada que ele mesmo demorou a descobrir que era gay. O nobre chegou a ter um casamento arranjado pela família, posteriormente anulado por falta de “consumação”. “Foi difícil admitir ser gay na minha família. Os camponeses da nossa região nos adoram e somos modelos para eles. Minha família não permitia que me misturasse com pessoas das castas mais baixas e nossa exposição era mínima. Somente quando fui hospitalizado durante uma crise nervosa, em 2002, que meu médico contou aos meus pais sobre minha sexualidade”.
Apesar dos vários momentos tristes, a história do príncipe termina com um final feliz. Depois de quase ser deserdado, ele fez as pazes com o pai e recentemente conseguiu permissão para adotar uma criança e dar continuidade ao clã. Ele também conseguiu fundar uma ONG que dá apoio a soropositivos em seu país.
História vai ser contada no cinema
Atualmente, o príncipe divide seu tempo entre as atividades de agricultor de produtos orgânicos nas terras da família e o trabalho social de prevenção do contágio por HIV entre homossexuais asiáticos. Ele também dá apoio a portadores do vírus e, em breve, vai ser tema de um filme indiano.
No lazer, cultiva um passatempo associado ao universo masculino: acompanhar jogos de futebol. O príncipe é torcedor do clube inglês Leeds United AFC e frequenta comunidades de torcedores do time na Internet.
Na opinião de Gohil, muitos outros nobres ainda seguirão seu caminho. “Sou o único membro de uma família na real no mundo que se assumiu gay, mas certamente não sou o único gay”.

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