domingo, 28 de junho de 2009

Facção criminosa transforma favelas da Baixada em sucursais do tráfico

Investigações revelam domínio de áreas e presença de homens armados.
Traficantes teriam procurado essas áreas para fugir de ocupações policiais.

Aluizio Freire Do G1, no Rio

Algumas favelas da Baixada Fluminense se transformaram em sucursais de uma das facções criminosas mais violentas do Rio de Janeiro, de acordo com investigações da polícia. Os locais teriam se tornado os principais destinos de traficantes que supostamente migraram de favelas da capital para fugir das ocupações policiais.

Segundo a polícia, as bases mais perigosas, com a presença ostensiva de homens armados de fuzis e metralhadoras, são as localidades conhecidas como Mangueirinha e Santuário, em Duque de Caxias, Vila Ruth, Gonçalves, Guarani e Dique, em São João de Meriti.

Ocupadas pela população mais carente dos municípios, nessas comunidades é comum a circulação de dependente de drogas em busca de pedras de crack .

Para conter o avanço dessas quadrilhas, o coronel da PM Paulo César Lopes, que já esteve à frente do 15º BPM (Duque de Caxias) e hoje chefia o 3º Comando de Policiamento de Área (CPA), garante que não vai deixar “a bandidagem se criar”.

“O comandante do batalhão de Caxias (Coronel Luiz Antônio Corso) está preparando ações repressivas sistemáticas para essas localidades. Independente disso, estou fazendo um planejamento para ocupar, principalmente, a Mangueirinha, que é a área mais preocupante”, afirma Lopes.

O coronel esteve reunido, há duas semanas, com autoridades da área de segurança e o prefeito de Duque de Caxias, José Camilo Zito dos Santos, para discutir a violência na região. Algumas pessoas que participaram da reunião relataram que teriam visto homens armados de fuzis circulando nas comunidades.

Índices mostram aumento de criminalidade

De acordo com os últimos índices de criminalidade da Baixada, divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), a situação merece mesmo atenção da polícia. De janeiro a março deste ano, comparado ao mesmo período de 2008, houve aumento no número de homicídios, que passou de 478 para 529 casos, ou seja, mais 51 mortes.

Os roubos de veículos passaram de 1.620 para 1.746, um acréscimo de 126 ocorrências. Foram feitos mais 607 registros de roubos a transeunte, pulando de 3.141 para 3.748.

Os traficantes que mudaram de endereço também estão na mira da Polícia Civil. As investigações revelam que a maioria teria saído do conjunto de favelas do Alemão, no subúrbio, durante a ocupação policial para início das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Ramificações

“Estamos investigando essas ramificações do tráfico. Essas informações estão sendo repassadas à Secretaria de Segurança para planejar operações nessas áreas”, disse o delegado Marcus Vinícius Braga, titular da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod).

Durante uma operação na Mangueirinha, em fevereiro, com 200 homens da Polícia Militar para desarticular o novo entreposto de distribuição de drogas, cinco pessoas morreram e oito foram presas. Na ação, foram apreendidas duas submetralhadoras, duas escopetas, nove pistolas e quatro granadas.

No dia 4 de junho, na mesma favela, a polícia apreendeu cerca de 300 quilos de maconha.

G1 > Edição Rio de Janeiro

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