sexta-feira, 5 de junho de 2009

Irmão de passageiro diz que viagem a Recife o fez enxergar a ‘realidade’

Parentes assistiram uma palestra no local das buscas.
‘Para ver o que eu vi lá, eu via aqui’, disse.

Daniella Clark Do G1, no Rio

Após a rápida viagem para Recife nesta sexta (5), onde estão sendo feitas as buscas por destroços do avião da Air France, o cabeleireiro Newton Marinho, irmão de um dos passageiros, se mostrou frustrado com o que viu. “Montou-se um teatro. Para ver o que eu vi lá, eu via aqui”, disse.

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Ao ser perguntado o que havia mudado em sua cabeça após a viagem, ele não hesitou: “A realidade”.
Newton, no entanto, não quis dar detalhes sobre o que provocou esta mudança. “Não posso falar com vocês antes de falar com a minha mãe e com a mulher do meu irmão”.
Ele foi um dos familiares que chegaram à base de Recife por volta das 11h30 desta sexta e, após serem levados para uma sala reservada, assistiram a uma palestra sobre como estão sendo feitas as buscas em alto mar. “Mostraram como estão fazendo o trabalho, como estão varrendo a área. Mas não foi achado nada”, disse Newton.
Do lado de fora da sala, os parentes teriam visto apenas os aviões sendo abastecidos. O tempo ruim, no entanto, teria impedido que as aeronaves levantassem voo. Antes mesmo das 17h, os familiares já estavam de volta ao Rio e chegaram num ônibus fretado ao hotel na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, onde estão concentrados os parentes de passageiros.
Para Newton, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, precipitou-se ao dizer que destroços do avião tinham sido encontrados. “Enquanto não tem corpo, ele (o irmão) está vivo”.

Estaca zero

Anteriormente, seu pai, Nelson Faria Marinho já havia se mostrado insatisfeito com a falta de informações. Segundo ele, o fato de os destroços recolhidos até agora não serem da aeronave deixa as famílias apreensivas. “Voltamos quase que à estaca zero novamente”, disse Nelson. “Que procurem os destroços, mas que procurem também vidas”.
Ele reclamou mais uma vez da falta de informações que, segundo ele, “martiriza as famílias”. Ele considerou muito rápida a viagem ao local das buscas.
“Foi muito rápido, não dá para a pessoa acompanhar nada. Acho que foi por livre e espontânea pressão”, afirmou Nelson, que não participou da viagem.

O ministro de Assuntos Exteriores da França, Bernard Kouchner, já havia afirmado na última quinta (4) que o governo francês não está omitindo informações sobre as investigações do acidente. A declaração foi dada após reclamação de familiares, durante um encontro realizado no hotel.

Viagem válida, mas sem respostas

Para Maarten van Sluys, irmão de uma das passageiras desaparecidas, a viagem mostra que o governo está solidário às famílias. Sua mãe, Vasthi Esther Sluys, de 70 anos, participou do encontro em Recife.

“Foi uma demonstração de que estão solidários. Foi válido, mas não deram resposta para nada do que queríamos saber”, disse Maarten. “A falta de informação é um desrespeito. O avião continua oficialmente desaparecido”.

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