sexta-feira, 4 de abril de 2008

Milhões em larvicidas contra a dengue apodrecem na Secretaria estadual de Saúde do Rio

Flávia Junqueira e Simone Miranda - Extra

RIO - Em plena epidemia de dengue, 1,5 milhão de doses de um larvicida cubano estão prestes a vencer no depósito da Secretaria estadual de Saúde e Defesa Civil, como revelou quinta-feira a colunista Berenice Seara. Os lotes de Bactivec, comprados na gestão da ex-governadora Rosinha Garotinho, custaram cerca de R$ 8 milhões (US$ 3 cada dose).

Indagado sobre a questão, o atual secretário de Saúde e Defesa Civil, Sérgio Côrtes, comemorou a expiração do prazo de validade do larvicida. Segundo ele, o produto seria "altamente tóxico".

- Ainda bem que vence, porque o Ministério da Saúde deu um parecer de que aquele produto é altamente tóxico para quem usa. Então, felizmente, está vencendo - afirmou na quinta-feira, em entrevista à Radiobrás.

Secretário adjunto de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Fabiano Pimenta deu, porém, um esclarecimento diferente. Segundo ele, o problema de segurança se refere à forma como o produto foi usado em 2006: na época, os frascos do larvicida eram entregues para os moradores, para que eles mesmos o manipulassem. De fato, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o biolarvicida cubano foi comprado para uso por técnicos, mas não pela população.

" O problema do Bactivec, como de qualquer produto, é o erro de dosagem "

- O problema do Bactivec, como de qualquer produto, é o erro de dosagem. A dosagem errada, sim, pode ser tóxica - disse Pimenta, afirmando que, se o larvicida fosse manipulado por agentes treinados, não haveria perigo algum.

Pimenta ressaltou a importância da padronização - uso do mesmo larvicida em todos os estados - para monitorar a resistência das larvas. Disse ainda que há dados concretos de redução de custo com o produto usado atualmente, escolhido por meio de uma licitação internacional.

Moradores aplicavam o líqüido nas casas

O Bactivec foi adotado pelo estado como arma contra a dengue na capital em 2006, após ser testado, por um mês em 2002, no bairro de Botafogo, em Nova Iguaçu. Na época, a coordenação do projeto cubano afirmou que o índice de infestação caiu, naquela localidade, de 9% para menos de 1% - percentual considerado tolerável pela Organização Mundial da Saúde.

A partir de 2004, o estado investiu R$ 9 milhões na compra do biolarvicida, que começou a ser distribuído para 42 municípios. Na estratégia, agentes de saúde entregavam frascos do produto aos moradores, que recebiam orientação sobre como usá-lo.

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