quarta-feira, 23 de abril de 2008

Terremoto é sentido no Rio

Tremor de 5,2 graus no oceano assustou moradores de 13 bairros da capital, Angra e Nova Iguaçu

Rio - Um tremor de terra de 5,2 graus na escala Richter (que vai até 9) foi sentido por volta das 21h de ontem em vários pontos do Rio de Janeiro e São Paulo. De acordo com o Laboratório de Sismologia da Universidade de Brasília (UnB), o epicentro ocorreu no Oceano Atlântico, a uma profundidade de 10 quilômetros e a cerca de 270 quilômetros de São Vicente, no litoral sul de São Paulo. Segundo o laboratório, o tremor durou cerca de cinco segundos. Há informações de que o tremor também atingiu os estados do Paraná e Santa Catarina.

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No Rio, a Defesa Civil Municipal informou que recebeu chamados de 13 bairros: Ramos, Vila da Penha, Pavuna, Cordovil, Ilha do Governador, Laranjeiras, Botafogo, Jacarepaguá, Del Castilho, Inhaúma, Realengo, Guadalupe e Tijuca. Técnicos do órgão foram a alguns locais para verificar eventuais danos provocados pelos tremores. A prioridade foi atender os bairros de Jacarepaguá e Pavuna, de onde vieram a maioria dos telefonemas de moradores.

Segundo o coronel João Carlos Mariano, a Defesa Civil recebeu ao todo 35 ligações durante a noite. “Pessoas relataram que viram janelas trepidando, lustres balançando e objetos caindo”, contou. Mariano afirmou que só poderá confirmar se de fato houve um tremor de terra na cidade a partir de análise que será feita hoje no Observatório Nacional localizado em São Cristóvão. Ele acrescentou que técnicos percorreram os bairros que tiveram relatos de moradores para descobrir eventuais danos.

A Defesa Civil de Angra dos Reis também recebeu relatos de moradores que teriam sentido o tremor. Em Nova Iguaçu, moradores vizinhos ao fórum da cidade relataram que o tremor durou seis segundos. “Vi que o relógio da minha casa balançou e quase caiu. Desci com a minha família e outras pessoas também contaram que sentiram o tremor”, disse o advogado Edson Peixoto, 57 anos, morador da Rua Juiz Alberto Nader.

Mensagens enviadas por internautas para O DIA também relataram casos de tremores na Penha e até em Niterói.

Possibilidade de tsunami descartada

Cristiano Shimpliganond, do Observatório de Sismologia da Universidade de Brasília (UnB), descarta a possibilidade de tsunami. “Podem ter ocorrido ondas maiores que as habituais, mas nada que possa ter provocado danos”, afirmou.

Esse terremoto foi o maior no Estado de São Paulo nos últimos 100 anos. E o sexto maior no País em 86 anos. “O último em São Paulo foi em 1922, de 5,1 graus”, contou o professor de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP) Jesus Berrocal. Ele afirma que o de ontem foi um sismo moderado: “Não teve perigo de desabamento de casas”.
Pela grande extensão em que o tremor foi sentido, Berrocal crê que sua origem tenha sido geológica: “Foi uma falha tectônica”. O Brasil está no meio de uma placa tectônica — espécie de crosta da Terra. A borda, no Chile, está em constante atrito com outra, a de Nazca, no Peru. A energia emanada dos choques se espalha para o interior da Terra e às vezes pode provocar tremores.

O professor do laboratório da UnB, George Sand, disse que o tremor, o sexto maior no Brasil desde 1922, foi sentido em um raio de, no mínimo, 300 quilômetros do epicentro. Segundo o especialista, não há como prever a ocorrência de novos tremores no País.
Segundo o Corpo de Bombeiros de São Paulo, ligações de diversos pontos da cidade foram registradas. A PM de São Paulo informou que recebeu telefonemas de vários bairros com relatos de pessoas que sentiram os prédios nos quais estavam tremer.

Em alguns pontos da capital paulista, moradores relataram que a terra tremeu 30 segundos. Moradores das cidades de Santos, Peruíbe, São Bernardo, São Caetano do Sul e Limeira também sentiram o fenômeno. No Butantã, a parede interna de um prédio chegou a rachar, provocando medo em moradores.

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