segunda-feira, 14 de abril de 2008

Casos de dengue no Rio já são o dobro de todo o ano de 2007

Em três meses e 14 dias, número de vítimas chega a 50.386.
Segundo secretaria, número de mortes subiu para 51, contra 26 do ano passado

Daniella Clark Do G1, no Rio

Em três meses e 14 dias, o município do Rio registrou o dobro de casos de dengue de todo o ano de 2007. Segundo o balanço divulgado pela Secretaria municipal de Saúde nesta segunda-feira (14), 50.386 já foram divulgados só este ano. Já em em 2007, esse número ficou em 25.107. O número de mortes subiu para 51, pouco menos que o dobro das 26 do ano passado. Segundo a secretaria, não foram notificados óbitos no último fim de semana.

Para o infectologista Edimilson Migowski, do Departamento de Pediatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), esse salto da doença em 2008 pode ser explicado, além da falta de prevenção e combate ao mosquito, pela volta do vírus tipo 2 da doença.
“O vírus do tipo 2 voltou com muita intensidade, trazendo mais vítimas. E acaba atingindo mais crianças, que nasceram nos últimos anos e não são imunes a ele. Se você não combater o mosquito, em três ou quatro anos terá o mesmo problema. Ao vírus tipo 4, que anda não chegou aqui, todo mundo é vulnerável”, explica.

Foto: Editoria de arte

Editoria de arte

Vítimas estarão mais vulneráveis a outra epidemia

Migowski explica que as pessoas que já contraíram dengue tendem a desenvolver uma forma mais grave da doença ao serem infectadas por outro tipo de vírus. Ou seja, os mais de 50 mil moradores do Rio que hoje fazem parte das estatísticas – número que o especialista acredita ser 30 vezes maior, por conta das subnotificações – estarão mais vulneráveis à doença em 2009.
“Há uma vacina em estudo que só deve estar disponível em quatro anos, no mínimo. Não dá para esperar a vacina, muita gente vai adoecer e morrer”, disse Migowski.
Desde 1996, quando foram registrados apenas 4.102 casos no Rio, a doença já teve altos e baixos nas estatísticas da Secretaria municipal de Saúde. O primeiro salto ocorreu de 1997 para 1998, quando os casos passaram de 1.024 para 13.477. O segundo avanço da doença ocorreu de 2001 para 2002, quando as notificações pularam de 27.671 para 143.723. O ano com o maior número de óbitos foi 2002, com 65 mortes.

Foto: Editoria de arte

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Doença vem desafiando médicos

Mais do que o número de casos, a doença vem também desafiando os médicos. Esta epidemia, por exemplo, além de fazer das crianças as principais vítimas, está mudando seu perfil de apresentação. Em um caso no Hospital da Posse, na Baixada Fluminense, por exemplo, o vírus foi tão agressivo que provocou uma ruptura no baço do pedreiro Joselino Gonçalves, de 31 anos.

Outro efeito antes desconhecido é a contaminação de bebês ainda na barriga da mãe. Em 8 de abril, a Secretaria estadual de Saúde confirmou o primeiro caso de morte de uma grávida e de seu feto por dengue. Outro bebê, também infectado durante a gestação, sobreviveu.

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