sexta-feira, 11 de abril de 2008

Caso Isabella: há indícios de ligação do casal com a morte da menina, diz promotor

São Paulo - Suspeitos da morte de Isabella Nardoni, de 5 anos, Anna Carolina Trotta Jatobá e Alexandre Nardoni, madrasta e pai de Isabella, deixaram o IML (Instituto Méidoc Legal) no fim da tarde desta sexta-feira. O casal foi solto por meio de um habeas-corpus, concedido pelo desembargador Caio Canguçu de Almeida, da 4ª Câmara Criminal de São Paulo. A decisão ainda poderá ser questionada por meio de recurso ao Superior Tribunal de Justiça.

Em entrevista, o promotor de Justiça Francisco Cembranelli disse que informações preliminares do Instituto de Criminalística (IC) que vinculam o pai e a madrasta à morte de Isabella. Ele disse que respeita a decisão da Justiça, para a libertação do casal, mas decalarou que cada um tem seu posicionamento. "Há uma vinculação do casal com os ferimentos encontrados em Isabella", disse.

O promotor destacou ainda que testemunhas confirmaram que o casal discutiu 10 minutos antes de tudo ocorrer e afirmou que uma criança que chamava e pedia por socorro momentos antes de Isabella ser encontrada ferida."Alguns depoimentos ainda são importantes. Posso adiantar que essa pessoa que ouviu uma discussão do casal antes do ocorrido indicou o nome de outra pessoa, residente do local, que teria ouvido a mesma coisa".

Cembranelli considera que as afirmações dos peritos serão categóricas para desvendar o crime, mas ainda não está pronto o laudo do IML sobre a morte da menina. Ele também nega que os advogados do casal apresentam uma lista de suspeitos do crime. "Não foi apresentada lista de suspeitos em espécie alguma. A defesa apenas apresentou uma lista de pessoas que estavam com a irmã (de Alexandre Nardoni) em um bar quando ela teria recebido uma ligação dele", disse.

Saída da prisão

Foto: TerraAnna Carolina Trotta Jatobá e Alexandre Nardoni foram encaminhados direto ao IML (Instituto Médico Legal), para exame de corpo de delito. A rotina é necessária para garantir ao preso que ele não será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante. São feitos dois exames, um logo após a prisão e outro após a pessoa ser libertada. Eles saíram do local em carros separados, em direção a um lugar "seguro" não divulgado.

Alexandre Nardoni foi solto no início da tarde desta sexta-feira. Ele cumpria prisão temporária no 77º Distrito Policial, no Centro de São Paulo. Ele saiu pela porta lateral da delegacia e entrou em um carro da polícia às 14h35. A madrasta de Isabella cumpria prisão temporária no 89º Distrito Policial (SP) e o pai da menina, no 77º Distrito Policial, no Centro de São Paulo.  Ela foi solta um pouco mais tarde, às 15h24. Ao deixar a delegacia, ela se defendeu: "Eu não sou assassina".

A madrasta de Isabella saiu com o rosto descoberto e foi levada para o IML em um carro do Grupo de Operações Especiais (GOE), escoltada por outros dois veículos e por motocicletas. A multidão em frente à delegacia a chamou de assassina. Vários populares que estavam em frente ao IML também gritaram palavras de protesto contra Anna Carolina.

Delegada: prisão do casal acelerou investigações

A delegada Elizabete Sato, da Seccional Norte, afirmou na tarde desta sexta-feira em entrevista coletiva sobre o caso Isabella que a prisão de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Trotta Jatobá acelerou as investigações. "Enquanto eles tiveram a liberdade cerceada as investigações correram com serenidade".

A delegada negou que a polícia estaria com 99% do caso solucionado. Ela disse que "a polícia dará uma resposta a esse crime bárbaro". Sobre o habeas corpus, comentou apenas que "a polícia não está para questionar a decisão do Judiciário".

Elisabeth disse que ainda há testemunhas a serem ouvidas pela polícia. Também assinalou que não é possível fazer nenhuma afirmação concreta sem ter os laudos do Instituto de Criminalística.

A menina foi encontrada ferida, no sábado, dia 29 de março, no jardim do prédio onde moram o pai e a madrasta, na Zona Norte de São Paulo. Segundo os Bombeiros, a menina chegou a ser socorrida e levada ao Pronto-Socorro da Santa Casa, mas não resistiu aos ferimentos e morreu por volta da 0h. Há suspeitas de que ela tenha sido atirada da janela do apartamento, no 6º andar do edifício.

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