sexta-feira, 4 de abril de 2008

Bolsa fraude: João Peixoto exonera três funcionários que já tinham trabalhado em gabinete de ex-parlamentar

Antero Gomes e Marcos Nunes - Extra

RIO - Três dos 22 funcionários que foram exonerados, na quinta-feira, pelo deputado João Peixoto (PSDC) e desconhecidos dele, passaram antes pelo gabinete do ex-parlamentar Dr. Ogando Pereira (PSC), que ocupou uma cadeira na Assembléia Legislativa até 2006. Ao saber da exoneração, Dr. Ogando repetiu o discurso adotado por João Peixoto no Conselho de Ética se defendendo da acusação de ter nomeado fantasmas (suplente chegam em meio à polêmica) . Ele disse não se lembrar dos três funcionários. A afirmação levanta a suspeita de que a quadrilha que fraudava o auxílio-educação estaria agindo desde a legislatura passada (entenda como foi desmontado o esquema) .

Dr. Ogando passa a ser mais um político cujo nome, de alguma forma, é envolvido no escândalo do bolsa fraude. O Conselho de Ética já investigou - ou está investigando - 13 deputados. Ogando garantiu, na quinta-feira, que nunca fez acordo político com João Peixoto para que este nomeasse indicações suas. Apesar disso, a ex-funcionária Tatiana Braz Alves Pessanha foi nomeada por João Peixoto em 12 de fevereiro de 2007, apenas seis dias após a exoneração dela do gabinete do ex-deputado.

Moradora de Campos, reduto eleitoral de João Peixoto e de Dr. Ogando, Tatiana seria mãe de cinco filhos. Além dela, as outras duas pessoas que passaram pelos dois gabinetes são Elizabeth Silva e Maria Alice Matos Pereira.

Nas últimas semanas, ao se defender no processo aberto pelo Conselho de Ética, João Peixoto alegou que não conhecia boa parte dos funcionários de seu gabinete, pois fizera as nomeações a pedido do ex-presidente do Diretório Municipal do PSDC, Vanderlei Galdeano. Já Ogando disse que não conhece Vanderlei.

" Eu me meti nessa por causa do Galdeano "

- Exonerei 22 funcionários hoje (ontem). Quero seguir o exemplo de Madalena (personagem bíblico), quando Jesus lhe disse: vá e não peque mais. Eu me meti nessa por causa do Galdeano - disse João Peixoto, após afirmar que achava que conhecia a funcionária Tatiana, para minutos depois voltar atrás.

A hipótese de João Peixoto - que foi absolvido pelo plenário da Alerj na terça-feira - e de Dr. Ogando terem feito um acordo político é ainda mais remota se for levado em consideração que os dois sequer pertencem ao mesmo grupo político. O primeiro é desde 2002 oposição à família Garotinho, por sua vez, aliado político de Dr. Ogando.

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