sexta-feira, 4 de abril de 2008

Temporão quer evitar auto-medicação ao suspender propagandas

Ministro diz que remédio ingerido em grandes quantidades pode causar lesões hepáticas.
Segundo ele, as mortes por dengue no estado do Rio de Janeiro estão sendo investigadas.

Daniella Clark Do G1, no Rio

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou nesta sexta-feira (4) que o objetivo de suspender a veiculação de propagandas em rádio e TV de medicamentos a base de paracetamol é evitar problemas em conseqüência da auto-medicação. Segundo o ministro, as mortes causadas pela dengue estão sendo investigadas, assim como a hipótese de que o uso indiscriminado de determinados medicamentos possa ter agravado alguns casos.

“Aconteceram vários óbitos e o secretário de Saúde determinou a investigação de óbito por óbito. Então é uma medida de prevenção que possa evitar danos futuros. Como esse medicamento, o paracetamol, se ingerido em quantidade acima do razoável pode causar graves lesões hepáticas, não me parece razoável que nesse momento se fique fazendo propaganda pela TV e pelo rádio. É um momento de informar adequadamente a sociedade” afirmou Temporão, após participar de uma campanha pela mobilização de entidades contra a dengue, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Veja a cobertura completa sobre a dengue

Suspensão terá que ser voluntária

Segundo o ministro, foi solicitado à Anvisa que entre em contato com os laboratórios produtores tanto dos medicamentos proibidos em casos de dengue como os que fabricam remédios a base de paracetamol, para que eles voluntariamente suspendam esse tipo de publicidade. De acordo com Temporão, não existe legislação que permita proibição:
“O momento não é de auto-medicação. Pelo contrário, ninguém deve tomar o medicamento sem orientação médica. Esses medicamentos usados de forma inadequada, em doses excessivas, em crianças e adultos, pode levar a graves danos no fígado, hepáticos. Pedimos que suspendam a publicidade que induz ao auto-consumo e que usem esse espaço na TV e no rádio para veicular mensagens de alerta sobre a doença”.

Pedido foi bem recebido pela indústria

Em nota, a Anvisa informou que solicitou formalmente à Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição (Abimip) que oriente os fabricantes para a necessidade de suspensão temporária da propaganda de analgésicos em geral - e não apenas daqueles a base de paracetamol.

O pedido foi bem recebido pela associação. Segundo o secretário-geral Sálvio Di Girólamo, a Abimip quer colaborar com o governo e já começou a entrar em contato com os laboratórios para que as propagandas sejam suspensas.

Força Nacional pode ser permanente

Sobre a criação de uma Força Nacional de combate a epidemias, Temporão afirmou que está em estudo se seria uma força permanente ou uma equipe que os estados poderiam mobilizar rapidamente e direcionar para qualquer canto do país.
“Essa idéia não é nova. Em situações extremas você tem que ter mecanismos rápidos e ágeis para enfrentar o problema, Estou pedindo a minha assessoria que prepare idéias que serão levadas ao presidente Lula”, afirmou Temporão, ressaltando que os profissionais do Rio estão enfrentando uma sobrecarga de trabalho. “Continua nascendo gente, as pessoas continuam sendo atropeladas, e ainda há a dengue. É uma pressão sob o sistema de saúde muito grande”.

Nenhum comentário: