domingo, 6 de abril de 2008

Mais uma vítima de dengue Jovem de 14 anos morreu com suspeita de forma hemorrágica da doença após ficar só no soro

Rio - Nova suspeita de morte por dengue hemorrágica no Rio. O estudante Danilo Romano de Souza, 14 anos, morreu ontem no Hospital Pedro II, em Santa Cruz. Laudo preliminar da unidade apontou dengue e o atestado de óbito emitido pelo Instituto Médico-Legal registrou como causa da morte ‘processo hemorrágico decorrente de evolução de doença’. A família quer processar o estado. “Queremos que o governo se sinta responsável por mais essa morte”, diz o irmão da vítima, Daniel Romano de Souza, 25.

Danilo chegou ao Hospital Pedro II no final da madrugada com manchas no corpo, febre, dificuldade de respirar e palidez. Segundo o irmão, o jovem foi deixado no corredor do hospital, recebendo soro. Por volta das 7h50, teve parada cardiorrespiratória, entrou em coma e morreu em seguida.

“A falta de atendimento matou meu irmão. Quando chegou ao hospital, seu mau estado era visível. Se foi negligência, vou processar. Para eles é mais uma estatística”, revoltou-se Daniel. Segundo ele, médicos não pediram nem exame de sangue.

Danilo procurou o hospital segunda com fissura no pé e febre. Nesse dia, exame de sangue não constatou distúrbio. O menino teve o pé enfaixado e ortopedista receitou antiinflamatório. Como a febre e o mal estar continuavam, voltou ao hospital. A Secretaria Estadual de Saúde afirmou que não vai se pronunciar antes do resultado de sorologia.
Aluno da 7ª série e praticante de natação, Danilo morava em Paciência, na Zona Oeste. Este ano, 67 pessoas já morreram e 57.010 adoeceram vítimas do Aedes aegypti em todo o estado. Só na capital foram 44 mortes e 39.380 doentes.

DAQUI PARA O URUGUAI

Autoridades sanitárias de Paysandu, Uruguai, suspeitam que caminhão vindo do Brasil levou o mosquito da dengue para o país. O único caso registrado na cidade é de um brasileiro, que contraiu a doença lá. Ele estava no mesmo veículo.

Dia tranqüilo nos postos de saúde

No primeiro fim de semana de abertura de 95 dos 145 postos de saúde municipais — determinada pela Justiça — houve queda de atendimento no Hospital de Campanha da Aeronáutica, na Barra. Pela primeira vez desde a sua inauguração, em 31 de março, a unidade registrou diminuição de atendimentos. Com capacidade para 400 pacientes por dia, a unidade recebeu 292 e fez cinco remoções. “Pela primeira vez, a disponibilidade oferecida foi maior que a procura”, avalia o tenente-coronel Henry Munhoz.

Nos hospitais, o dia foi de grande procura. Na tenda de hidratação da Penha, pacientes reclamaram da falta de médicos. Já no posto Clementino Fraga, no Irajá, doentes não demoraram para conseguir atendimento. “Cheguei às 10 h e fui liberada em menos de uma hora”, afirmou a doméstica Rosa Maria Xavier, 44, que levou a filha, Rosane, 3.

Para combater a dengue, chegam hoje 27 médicos do Rio Grande do Sul, Mato-Grosso do Sul, Amazonas e Amapá. O infectologista mato-grossense Rivaldo Venâncio da Cunha, 50, foi o primeiro a chegar: “Já estive aqui para enfrentar as epidemias de 86, 90, 95 e 2002. Devido ao alto índice de crianças doentes, esta é a pior”.

NITERÓI NÃO REGISTROU MORTES

Uma ponte de 13 quilômetros separa o Rio de Niterói. A distância, no entanto, parece ainda maior quando considerado o número de mortes por dengue nos dois municípios: enquanto o Rio já atingiu a marca de 44 vítimas da doença, Niterói ainda não registrou um óbito sequer. Os números são tão bons que, nos últimos dias, doentes do Rio resolveram procurar socorro do outro lado da Baía.

A fórmula que imunizou o município de mortes por dengue envolve prevenção, investimento na educação e atenção individualizada: agentes do programa Médicos de Família, que cobre um em cada três moradores de Niterói, chegam a acompanhar os pacientes até o hospital. “Esse cuidado no atendimento faz a diferença no combate à dengue”, acredita a aposentada Matilde Brasão, 82, que é atendida por Ana Paula Rodrigues Guimarães. “No posto de Santa Rosa, apesar do aumento do número de casos de dengue, ainda não tivemos que transferir nenhum paciente para os grandes hospitais”, diz.

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