segunda-feira, 20 de abril de 2009

Roberto Carlos comemora 50 anos de carreira em Cachoeiro de Itapemirim

Rodrigo Gomes – Extra

Roberto Carlos no show em Cachoeiro de Itapemirim. Foto: André Coelho / O Globo

CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM - Quatorze anos. Esse foi o tempo que a cidade de Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, demorou para ver de perto mais um show de seu filho mais famoso. Mas valeu a pena. Com o estádio do Sumaré completamente lotado, por mais de 10 mil pessoas, Roberto Carlos comemorou seu aniversário de 68 anos e deu início à turnê que marca seus 50 anos de carreira, na noite deste domingo, com o que mais gosta e melhor sabe fazer: cantar. E foi inesquecível!

Às 20h47m, o Rei deu início aos trabalhos e levou o público ao delírio cantando um trecho de "O portão" - "Eu voltei! / Agora pra ficar / Porque aqui! / Aqui é meu lugar / Eu voltei pras coisas / Que eu deixei /Eu voltei (...)" - para, em seguida, emendar em "Emoções". Afinal, nenhum verso poderia ser mais apropriado do que "Quando eu estou aqui / Eu vivo esse momento lindo (...)". Daí para a frente, o que se viu foi uma verdadeira comoção entre o Rei e seus súditos.

- Que prazer rever vocês. Volto aqui e parece que ainda sou aquele menino que cantava na Rádio Cachoeiro, num programa infantil - disse, levando o público ao delírio (Vídeo: veja o início da trajetória do Rei) .

Vestindo camisa branca e calça e blazer azul-claros, o cantor estava bem à vontade. Na platéia, os filhos Dudu Braga, Ana Paula e Luciana aplaudiam o pai. Com exceção de Dona Laura, mãe de Roberto, que está com 95 anos, todos os familiares foram a Cachoeiro para o show. Parentes de Maria Rita também estavam presentes.

 

O estádio do Sumaré ficou lotado para o show. Foto: Pablo Jacob / Extra

 

No momento dedicado às memórias da infância em Cachoeiro, o Rei cantou "Meu pequeno Cachoeiro", "Aquela casa simples" e "Lady Laura".

Uma surpresa no meio do show: os filhos subiram ao palco levando um bolo com uma vela de número 1, e mais de 10 mil súditos cantaram parabéns para o Rei. Acompanhados pelos músicos, o público cantou "Emoções". O Rei agradeceu, levando um pedaço de bolo para uma fã.

Fechando em grande estilo, ao som de "Jesus Cristo", uma queima de fogos tirou o que ainda restava de fôlego na platéia. As rosas também não podiam faltar. Depois do show, Roberto recebeu familiares e amigos no hotel.

Cidade fica lotada

Uma multidão de cerca de 400 pessoas recepcionou ontem Roberto Carlos com faixas e cartazes na chegada do cantor a Cachoeiro de Itapemirim. O Rei chegou em um jatinho particular ao Aeroporto Municipal Raimundo de Andrade às 17h. Mas Roberto é humilde, quando o assunto é a sua majestade.

 

O Rei corta o bolo de aiversário. Foto: Pablo Jacob / Extra

- Não sei ser rei, só sei cantar - disse Roberto. - Para mim, é muito bom receber este carinho, este amor. É uma emoção fortíssima.

E, bem antes do cantor subir ao palco, durante o dia de ontem, a cidade já respirava a presença do Rei. Grupos locais se apresentaram tocando músicas de Roberto e os fãs, vindos dos mais diferentes cantos do Brasil, aproveitaram a estada na terra natal do cantor para conhecer locais que marcaram a vida desse fenômeno da música mundial. Um dos lugares mais visitados foi a casa onde Roberto nasceu e viveu até os 14 anos. O local, que não costuma receber mais de 50 pessoas por dia, foi visitado por cerca de dois mil fãs ontem e anteontem (Mande uma mensagem de parabéns para Roberto) .

As irmãs Maria da Conceição, de 56 anos, e Carmem Lúcia, de 60, ambas professoras, vieram de Muriaé, em Minas Gerais, para ver o show e foram conhecer a casa.

- É o meu primeiro show do Roberto Carlos. É a realização de um sonho e nada mais emocionante do que vê-lo em sua terra natal, no dia de seu aniversário. É uma recordação que vou levar para sempre comigo - diz Maria da Conceição.

Outro que veio de longe para concretizar o sonho de ver seu ídolo de perto foi o arquiteto Mario da Silva, de 55 anos, que mora em Aracaju:

- Sempre foi o meu maior sonho ver o Roberto de perto. Com ele, eu aprendi a gostar de música, a dançar e a me emocionar. Não sei o que seria a minha vida se o Roberto não existisse - diz ele.

Mutirão para deixar o estádio pronto

Quem viu o estádio do Sumaré há 20 dias teve uma certeza: não vai dar para ficar pronto a tempo do show. Parte da arquibancada havia despencado, deixando uma enorme cratera. Mas, para surpresa geral, o estádio ficou como novo para receber o Rei.

 

O Rei chegou de jatinho em Cachoeiro de Itapemirim. Foto: André Coelho / O Globo

 

Para isso, cerca de 90 profissionais trabalharam dia e noite, sem parar. O material foi doado por comerciantes.

- O mínimo que poderíamos fazer era deixar o estádio à altura do Rei - diz Flávio Martins, que assim como todos os funcionários da obra, recebeu dois ingressos para o show.

A ansiedade da mais antiga fã

Na noite de ontem, não foram poucas as pessoas que chegaram às lágrimas ouvindo o Rei cantar. Mas para uma senhora, em especial, a noite teve um sabor todo particular. Dona Gercy Volpato é a fã mais antiga de Roberto Carlos. Sim, porque se para todo mundo ele só apareceu em 1959, ela já o acompanha desde 1950, quando ele tinha apenas 9 anos e cantava na Rádio Cachoeiro.

- Ele é a vida da minha vida - diz, emocionada.

Sem ver seu maior ídolo de perto há 14 anos, data do último show na cidade, Dona Gercy viveu ontem um dia para ficar na memória. Ansiosa, a senhora de 78 anos acordou antes do sol nascer, às 5h30m. O difícil mesmo foi ver o relógio andar devagar.

- Quando a gente quer que o tempo passe rápido, ele não anda - diz Dona Gercy, que não consegue escolher uma música predileta: - Cada uma tem seu valor. Representa um momento da vida do Roberto e da minha.

 

" Cada música tem seu valor. Representa um momento da vida do Roberto e da minha. "

 

O grande dilema do dia de Dona Gercy foi escolher a roupa do show. Vaidosa, ela comprou uma blusa e uma calça pretas, especialmente para a ocasião. Entretanto, só depois se deu conta de que a cor poderia não agradar o seu ídolo.

- Pior seria se eu estivesse de marrom - brinca ela, que acabou optando por azul.

Mas, se tudo estava perfeito na noite de ontem, uma coisa era capaz de tirar o sorriso de Dona Garcy e fazer os olhos se encherem de lágrimas. Pela primeira vez, ela foi ver seu ídolo sem a companhia da irmã. Maria Leonor Volpato morreu no ano passado. Juntas, as duas ficaram conhecidas como as Irmãs Volpato, as mais antigas fãs de Roberto:

- É difícil ver um show do Roberto e não lembrar da minha irmã. Se ela estivesse viva, teria ido comigo.

Extra Online

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