terça-feira, 28 de abril de 2009

Exército apura sessão de tortura em quartel

Imagens flagram 13 militares aplicando trote violento em três recrutas, que levaram chutes e socos. Inquérito será concluído semana que vem e poderá provocar a expulsão do grupo

Christina Nascimento e Paula Sarapu

Rio - Treze soldados do Exército foram identificados como os agressores de três recrutas do 11º Grupo de Artilharia de Campanha (Grupo Montese), na Vila Militar. As cenas de espancamento em um ‘trote de batismo’ foram filmadas com o celular, no ano passado, gravadas em um DVD, e deixado debaixo da porta do comandante da unidade no dia 2 de março. Um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado no mesmo dia e deverá ser concluído na próxima segunda-feira.

 

 

Os recrutas foram agredidos dentro do alojamento dos soldados, depois do horário de trabalho. Colocados de bruços, com as calças nos joelhos, os três jovens levaram tapas e socos nas costas e nádegas. As imagens mostram um dos soldados, fardado, dando chineladas em uma das vítimas, que chega a ficar com hematomas nas nádegas. Outro soldado, de bermuda e camiseta, atinge o recruta com uma prancheta.

Porta-voz do Comando Militar do Leste, o coronel Enio Zanan disse que o Exército repudia a ação fora da legalidade e dos bons costumes e que todos os envolvidos serão punidos: “Mesmo com nosso rigoroso processo de seleção, alguns apresentam deficiência de formação e desvio de conduta”.

Os militares não chegaram a ser presos e continuam trabalhando, à espera da conclusão do IPM, que será remetido à Justiça Militar. Se condenados a mais de dois anos de prisão, serão expulsos do Exército.

Para o ex-sargento Fernando Alcântara Figueiredo, integrante do grupo Tortura Nunca Mais, trotes como estes são comuns em qualquer unidade militar do País. “É um dado cultural e vem do alto escalão. A instrução é pelo pavor e a força, pelo medo”, afirmou.

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