terça-feira, 7 de abril de 2009

Crime em Silva Jardim teve requintes de crueldade

Polícia acredita que dia de pagamento foi descoberto por bandidos

POR BARTOLOMEU BRITO, RIO DE JANEIRO

O fazendeiro Odelon Heckmann, de 73 anos, seu caseiro, Adilson Amorim Ramos, de 43, a mulher dele, Lucinea Nascimento Rangel, de 26, e a filha do casal, Luana Rangel Ramos, de 9 anos, foram assassinados com tiros na cabeça, na noite de segunda para terça-feira, na Fazenda São Francisco, cuja entrada fica à beira da Rodovia BR-101, no bairro de Lucilândia, no município de Silva Jardim, na Região das Baixadas Litorâneas.

Foto de Paulo Alvadia / Ag. O Dia

Na, foto o pedreiro José Brito, ex-funcionário da fazenda

O caseiro foi encontrado asfixiado na estrada que liga a rua à sede da fazenda, com uma algema de plástico. Ele tinha ainda os pés algemados e um tiro na nuca. Sua mulher e a filha foram encontradas mortas em quartos separados da casa-sede, também com tiros na cabeça e as mãos atadas para trás, presas com algemas de plástico. O dono da fazenda foi encontrado em seu quarto, morto da mesma forma.

Quem encontrou os corpos foi um dos empregados da Fazenda São Francisco, que chegou as 8h30 da manhã para trabalhar e quando viu a porteira aberta e o cadeado arrebentado, suspeitou que alguma coisa havia acontecido na fazenda. Quando ele subiu a estrada, que tem um quilômetro de extensão até chegar a casa, encontrou caido ao chão, ensanguentado, o caseiro.

Ele gritou, chamou outros empregados e vizinhos e foram vasculhar a fazenda, deparando com um quadro trágico. O dono da casa, morto em seu quarto, e a mulher e a filha do caseiro mortos em quarto separados. A casa possui um sistema de monitoramento por câmeras, segundo amigos, mas elas viviam sempre desligadas por desleixo do fazendeiro.

Uma patrulha do 35º BPM (Itaboraí) foi acionada e quando a PM chegou, encontrou a casa totalmente revirada. Móveis e armários estavam abertos, roupas e documentos jogados no chão. O delegado Paulo Roberto da Silva, da 120ª DP (Silva Jardim) foi avisado e esteve no local juntamente com peritos do Instituto de Criminalística de Araruama.

Pagamento pode ter sido motivo do crime

As primeiras investigações levam a polícia a acreditar que bandidos tenham assaltado a fazenda, para roubar R$ 5 mil que o fazendeiro recebe, todos os meses, pela venda de um imóvel. Como ele recebe todos os dias 5 e neste mês dia 5 caiu domingo, ele deve ter recebido o dinheiro na segunda-feira, dia 6, e isso era do conhecimento de alguém.
Na casa, porém, o delegado Paulo Roberto da Silva tem certeza de que os criminosos roubaram o carro do fazendeiro, o Gol prata LOH 2293, e três armas, duas carabinas - uma de calibre 12 e outro 22 - além de um revólver calibre 38. A polícia está aguardando que a viúva do fazendeiro, Isabel, faça um levantamento do que foi roubado e possa depor.
Segundo empregados e amigos de Odelon Heckmann, ele trabalhou muitos anos na Fábrica de Cigarros Souza Cruz, no Rio, e quando se aposentou, comprou a fazenda em Silva Jardim e foi morar lá, onde criava gado de corte e coco. Casado, ele se separara da mulher, e se casara com sua ex-funcionária da Souza Cruz, Isabel. a mulher, que ainda trabalhava, passava dias no Rio, em Copacabana, e dias na fazenda.
“Triste ironia. Ele veio para a roça para fugir da violência da cidade grande e acaba sendo assaltado e morto por bandidos, em um lugar pacato e tranquilo”, disse um seu ex-empregado, José Brito, que trabalhou na casa como pedreiro durante 17 anos.
Para o delegado Paulo Roberto, foi uma brutalidade a morte da criança mas isso aconteceu por “queima de arquivo”, pois a criança deve ter reconhecido um dos matadores. A cozinheira da família, que não foi trabalhar na segunda-feira por ter ido ao médico, chegou pela manhã para trabalhar e soube da chacina. “Meu Deus. Foi bom eu ter adoecido. Se estivesse trabalhando, seria morta também”, disse.

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