sábado, 18 de abril de 2009

Agentes que agrediram passageiros foram formados pela SuperVia com apenas oito horas de treinamento

Marcelo Dias, Marcos Nunes e Sérgio Meirelles - Extra

RIO - Os quatro agentes de controle da SuperVia flagrados por imagens da TV Globo espancando passageiros com socos, chutes e chicotadas tiveram apenas oito horas de treinamento, antes de serem deslocados para trabalhar nas estações. O fato foi revelado, ontem, durante depoimento de um dos seis agentes na Delegacia de Defesa de Serviços Delegados (DDSD).

Três agentes - Bruno do Espírito Santo de Castro Santos, de 23, Rodrigo Barroso Balduíno, de 28, e Leonardo Leite de Paula, de 23 anos - foram indiciados por lesão corporal e constrangimento ilegal após prestarem depoimento.

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Cusparadas e agressões

Os crimes, em caso de condenação, têm pena máxima prevista de três anos de detenção. Segundo o advogado da SuperVia Luiz Eduardo Guimarães, os três agentes confessaram ter praticado as agressões contra os passageiros.

" Eles se defenderam dizendo que já viram muitos colegas sendo agredidos "

 

Eles alegaram ter reagido a xingamentos e cusparadas de alguns usuários de um trem, no tumulto de quarta-feira, na estação de Madureira. O trio informou ter sido acionado por um colega, via rádio, que foi atacado a pedradas, na estação de Marechal Hermes, por um surfista ferroviário.

- Eles disseram que não tinham noção da repercussão do ato, e se defenderam dizendo que já viram muitos colegas sendo agredidos - disse o advogado.

Leonardo havia sido admitido em dezembro pela empresa M.S Agenciamento de Serviços, que presta serviços para a SuperVia. Bruno trabalhava na empresa há oito meses e Rodrigo estava na M.S há nove. Os três foram demitidos.

Outro indiciado

Um quarto homem, que aparece nas imagens sem uniforme da SuperVia chutando um passageiro, foi identificado pelo delegado Eduardo Freitas, da DDSD, como sendo o agente de controle Jorge Teles.

Ele deverá depor nos próximos dias e também poderá ser indiciado. Além dele, serão ouvidos dois policiais militares. Eles estavam na estação, mas não teriam interferido no o tumulto. Durante a confusão, Anderson Santos, de 22, que estava viajando em cima de um trem, foi preso em flagrante.

Oito horas

 

 Os agentes da SuperVia prestaram depoimento na DDSD - Foto: Fabiano Rocha / Extra

 

A SuperVia confirmou nesta sexta-feira que treina seus agentes de controle. A preparação consiste em oito horas de aulas de noções básicas de ferrovia, relacionamento com clientes, conduta e postura na prestação de serviços e controle e acesso das estações.

Depois, são deslocados às estações e acompanhados por duas semanas por supervisores, passando por uma reciclagem semestral. Segundo a MS Agenciamento de Serviços, fornecedora de mão-de-obra da SuperVia, os quatro envolvidos nas agressões da estação de Madureira não atuam como seguranças, mas como agentes de controle.

De acordo com o advogado da empresa, Luiz Eduardo Guimarães, a M.S. estaria registrada no Sindicato de Asseio e Conservação. Entretanto, o próprio sindicato afirma que só congrega garis e faxineiros - funções diferentes das desempenhadas pelos agentes da SuperVia.

" Eles acharam que eu estava prejudicando o fechamento. Entortaram meu braço e me jogaram no chão "

 

Outra vítima de agressões

 

Mais uma pessoa procurou a polícia nesta sexta-feira alegando ter sido vítima de espancamento por parte de agentes de controle da SuperVia. Diego Canaroli, de 19 anos, esteve na DDSD. Ele contou que, no dia 20 de março de 2007, foi agredido por seis agentes em Anchieta.

- A porta do trem estava danificada. Eles acharam que eu estava prejudicando o fechamento. Entortaram meu braço e me jogaram no chão - disse, acrescentando, que na época, registrou o caso na 39 DP (Pavuna).

Um mês antes da confusão de quarta-feira, no dia 16 de março, outro menor registrou queixa na 29 DP (Madureira), alegando ter sido agredido na estação de Madureira.

Na quarta-feira, cinco pessoas procuraram à 29 DP, alegando terem sido agredidas por agentes de controle.

O advogado Luiz Guimarães disse que, em um dos casos, há provas de que não houve agressão.

- A vítima aparece nas imagens observando o tumulto - disse. Ontem, a justiça acolheu pedido do Ministério Público para que a SuperVia seja obrigada a não permitir a circulação de trens com portas abertas.

Extra Online

2 comentários:

Anônimo disse...

quero denunciar a empresa ms agenciamento a empresas que presta serviços a super via .
Ja faz 3 meses que eu pedi pra ser mandado embora mas eles falam que a super via nao tem dinheiro para repasar pra eles e fica prandendo o funcionario ;;
eU SO QUERIO O MEU DINHEIRO QUE EU TRABANHEI PARA isso ;;

Anônimo disse...

quero uma explicaçao da super via