quinta-feira, 14 de maio de 2009

Pai sofre atentado um ano após a morte do filho

Comerciante se esconde em três endereços e PMs acusados de matar rapaz estão soltos

POR FRANCISCO EDSON ALVES, RIO DE JANEIRO

Rio - Abatido, sob efeitos de calmantes e trancado num apartamento que chama de esconderijo, o empresário Sérgio Oazen, 42 anos, é o retrato da dor e da descrença na Justiça e na polícia. Um ano após perder o único filho — o estudante Thiago Henry Siqueira Oazen, 19, morto em 28 de abril de 2008 —, ele revela ter sido vítima de um atentado. O desespero é maior porque os acusados do crime — os soldados Fábio Aloízio Moreira Micas Montes, Julio Cesar da Silva e Luiz Carlos Cerqueira Ribeiro, do 18º BPM (Jacarepaguá) — estão soltos porque o prazo do julgamento prescreveu.

Sérgio e o laudo da perícia no seu veículo, após atentado: rotina inclui planos de fuga e enclausuramento. Foto: Paulo Alvadia / Agência O DIA

As três audiências previstas ao longo deste ano não ocorrera, e a prisão do trio foi relaxada. A PM ainda não concluiu o processo de expulsão dos envolvidos da corporação.

“É uma situação humilhante. Os assassinos do meu filho ganharam a liberdade, e eu me tornei o prisioneiro”, desabafa Sérgio. Ele conta que no dia 25, por volta da 1h, perto do Shopping Via Parque, na Barra da Tijuca, o Gol que dirigia foi atingido por cinco tiros de escopeta calibre 12 disparados por ocupantes de um Uno prata. “Escapei por milagre. Três tiros destruíram o painel, a um palmo de onde eu estava. Não tenho dúvida de que isso esteja relacionado à minha perseverança pela condenação dos matadores de Thiago. Só tenho medo de morrer e não ver a justiça ser feita”, garante.

A 16ª DP (Barra) investiga o atentado. Sérgio conta que tinha saído de seu “esconderijo” para acender uma vela pela alma do filho, no local do crime, na esquina da Rua Tirol e a Estrada de Jacarepaguá, na Freguesia. Desde então, o empresário contratou seguranças, se reveza para dormir em três imóveis diferentes — “cada um com três pontos de fuga”, ressalta — e evita sair às ruas. Quando sai, jamais faz o mesmo trajeto. “Mesmo com todas as precauções, fui aconselhado a não ir à missa que lembrou um ano da morte de Thiago, no dia 1º, na Taquara. Fiquei arrasado”, lembra.

Medo pela falta de carteira

Na madrugada de 28 de abril de 2008, Thiago e seis amigos voltavam em cinco motos de baile no Castelo das Pedras, em Jacarepaguá, quando os três soldados mandaram o grupo parar. Assustado e sem habilitação — ele havia perdido a carteira provisória —, Thiago acelerou a moto que comprara duas semanas antes, foi perseguido e baleado.
Segundo testemunhas, quando os PMs chegaram, o rapaz já estava em pé ao lado da moto, com as mãos na cabeça. A testemunha contou que um revólver, que os PMs alegaram que estaria com o jovem, foi ‘plantado’ por um deles.

Adrenalina foi justificativa dos tiros

Em seu interrogatório, o soldado Fábio alegou que atirou porque estaria sob efeito de “adrenalina”. O mesmo argumentou o PM Luiz Carlos.
A demora para o julgamento preocupa o advogado de Sérgio, André Nascimento. “Casos como esse, quando há réus presos, deveriam ter prioridade para serem julgados. Não se pode acusar ninguém, mas é no mínimo estranho que uma pessoa como Sérgio, que tinha uma vida normal antes da tragédia, passe a receber ameaças, sofra atentado e tenha que viver escondido”.

O DIA ONLINE - RIO

3 comentários:

Solange Cunha disse...

É uma vergonha a justiça nesse Brasil.Eles continuam matando inocentes. Parabéns, Sergio Oazen,por sua luta e coragem!

Quem deveria proteger, mata!!!

SOLANGE CUNHA disse...

É uma vergonha a justiça nesse Brasil.Eles continuam matando inocentes. Parabéns, Sergio Oazen,por sua luta e coragem! Quem deveria proteger, mata!!!

Anônimo disse...

É uma vergonha a justiça nesse Brasil.Eles continuam matando inocentes. Parabéns, Sergio Oazen,por sua luta e coragem! Quem deveria proteger, mata!!!