quarta-feira, 27 de maio de 2009

Prefeito de Angra vai pedir mudanças no Plano de Emergência das Usinas Nucleares

Paulo Roberto Araújo

RIO - Depois do vazamento de material radioativo na usina nuclear de Angra 2, no dia 15 de maio, que contaminou pelo menos quatro funcionários da Eletronuclear , o prefeito do município deve pedir a mudança do Plano de Emergência das Usinas Nucleares de Angra dos Reis ao Sistema de Proteção Nuclear Brasileiro (Siprom). Tuca Jordão deve pedir que os formulário de registro de acidentes nucleares (ENU) sejam mais detalhados. ( Veja a reprodução do relatório do acidente recebido pela Defesa Civil )

Como agentes públicos, nós temos que saber o que de fato está acontecendo no interior das usinas. Os ENUs atuais são muito vagos, como é o caso deste emitido dia 15 - reclamou o prefeito, que chamou atenção para a forma que o acidente foi informado à Defesa Civil:

O acidente não usual (ENU) informava apenas que "às 16h15m ENU em Angra II em função de alarme do detector de radiação da chaminé". A mensagem foi transmitida por telefone pelo funcionário Paulo Adriano - contou.

O ENU é o primeiro item da classificação internacional de emergências nucleares. O segundo é alerta, o terceiro emergência de área e o quarto (e mais grave) é emergência geral.

A prefeitura tomou conhecimento da contaminação através da imprensa. A Defesa Civil recebe em médias 10 ENUs por ano. O documento informa eventos corriqueiros, sem gravidade, com uma rápida queda de energia - criticou Jordão.

O prefeito lembrou ainda que depois do dia 15 teve reuniões com representantes da Eletronuclear para discutir a contrapartida da empresa no processo de liberação da licença municipal para a Angra 3. Nestes encontros, segundo o prefeito, os representantes da empresa não fizeram qualquer comentário sobre o vazamento.

O pedido de mudança será feito ainda nesta quarta-feira, durante uma reunião entre o prefeito e representantes do Siprom - que envolve órgãos federais, estaduais e municipais envolvidos na segurança nuclear. O encontro será na sede do Corpo de Bombeiros, no Rio.

O vazamento na usina aconteceu, de acordo com a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), por uma falha humana. Um dos empregados teria, inclusive, sido afastado da Eletronuclear, que informou que os funcionários logo foram examinados e passaram por um processo de descontaminação, ainda que o material não oferecesse risco à saúde.

O coordenador de Comunicação e Segurança da Eletronuclear, José Manuel Dias, disse à rádio CBN que um funcionário fazia um trabalho de descontaminação numa peça metálica, procedimento considerado rotineiro, mas acabou cometendo um erro. Dias explicou que ele não desconectou o sistema de ventilação para evitar que as partículas raspadas se espalhassem pela usina. Assim, o material acionou o alarme de Angra 2. A Eletronuclear garantiu que o vazamento foi insignificante e que não causou impacto "para o meio ambiente, para os trabalhadores da usina e para o público em geral".

A Eletronuclear informou que foram tomadas medidas preventivas para evitar que incidentes similares ocorram novamente. De acordo com a empresa, a prefeitura de Angra dos Reis, a Comissão Nacional de Energia Nuclear e o Ministério de Minas e Energia foram avisados. De acordo com a Cnen, a liberação no meio ambiente foi de cerca de 0,2% dos limites estabelecidos, graças ao sistema de filtragem de ar que tem como função bloquear a saída de radionuclídeos pela chaminé.

Extra Online

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