domingo, 31 de maio de 2009

Caso Patrícia: Polícia Federal oferece ajuda na investigação

 

Onze meses após desaparecimento de engenheira na Barra, peritos de associação nacional se dispõem a colaborar com apuração do caso. Promotor afirma que haverá reconstituição esta semana e delegado anuncia novos exames

Ana D'Angelo

Rio - Membros da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) estão dispostos a auxiliar a Polícia Civil do Rio nas investigações do desaparecimento da engenheira Patrícia Amieiro Franco, 24 anos, há 11 meses. “Não podemos atuar diretamente na investigação, pois está na esfera estadual, e somos peritos da Polícia Federal. Mas o Ministério Público pode requisitar a perícia ao Instituto Nacional de Criminalística (órgão de perícia da PF)”, diz o vice-presidente da APCF, Hélio Buckmuller.

Foto: Reprodução da Internet

Patrícia voltava de show na Urca e, após sair do Túnel do Joá, seu carro caiu no Canal de Marapendi

Segundo ele, as informações sobre o caso indicam interferência no trabalho da perícia, como laudos conflitantes e inconclusos e remoção de técnicos que atuaram no caso.

O delegado Ricardo Barbosa de Souza, encarregado das investigações desde outubro, informou que serão realizadas perícias complementares esta semana. Já o promotor Homero das Neves disse que está prevista reconstituição, amanhã ou terça-feira, do que pode ter acontecido com Patrícia.

O carro da engenheira foi encontrado no Canal de Marapendi, Barra da Tijuca, com marcas de tiros em 14 de junho. O corpo jamais apareceu. A polícia divulgou inicialmente que o veículo teria se desgovernado e ela sumido no canal. No entanto, depois de o automóvel ser periciado, o irmão de Patrícia descobriu buracos de balas, desmontando a primeira versão. Indícios passaram a apontar no envolvimento de policiais militares que faziam blitz na saída do Túnel do Joá com o desaparecimento. O que nunca foi comprovado.

Apesar da falta de conclusões, o promotor Homero Freitas afirma não ter certeza da necessidade da ajuda da PF, pois considera o delegado do caso competente e comprometido com a verdade. “Teremos um bom resultado”, declara. Ricardo Barbosa afirma que “toda colaboração será admitida”, mas diz confiar nas novas perícias solicitadas ao Instituto de Criminalística Carlos Éboli.

“Ficamos preocupados com possível interferência no trabalho da perícia”, diz o perito federal Hélio Buckmuller, para quem a falta de autonomia pode ter favorecido uma coação. Ano passado, o pai de Patrícia, Antônio Celso Franco, foi a Brasília pedir ajuda ao gabinete da Presidência da República para que a PF entrasse no caso.

Manifestação na Barra

Para cobrar respostas das autoridades, amigos e parentes de Patrícia farão protesto no próximo domingo, na Praia da Barra. O site do Movimento Cadê Patrícia?, feito pela família, ganhou adesão de artistas e atletas, que vestem a camisa da campanha.

Na noite de 13 de junho, Patrícia foi a show na Urca, de onde saiu por volta das 4h. Nunca mais foi vista. Quando o carro foi retirado do canal, com o cinto afivelado, os únicos sinais da jovem eram o relógio e as pulseiras, achados na água. Os primeiros a chegar ao local foram dois PMs, que sustentam não ter visto vestígios de Patrícia. Seis policiais depuseram. Sem corpo para enterrar e buscando equilíbrio num tênue fio de esperança de encontrá-la viva, os pais da engenheira nunca mais dormiram tranquilos.

Associação defende perícia com separação da polícia

A APCF defende que a categoria tenha a mesma autonomia assegurada aos membros do Ministério Público (MP) e do Judiciário, como a prerrogativa de inamovibilidade do cargo. Hoje, peritos e delegados são removidos de seus cargos pela vontade de seus superiores.
“O trabalho de perícia é essencial para elucidação do crime”, afirma Buckmuller, vice-presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais. Segundo ele, a perícia não deveria estar subordinada à polícia. Já tramita no Congresso uma proposta de emenda constitucional que torna a perícia função essencial à Justiça, dotada de autonomia, como no MP.

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