sábado, 30 de maio de 2009

De pijama, crianças passam a noite no Museu Nacional

Vinte alunos do CAP-Uerj foram selecionados para projeto pioneiro.
Jantar com a Família Real e sala com múmias fazem parte da aventura.

Alba Valéria Mendonça Do G1, no Rio

 

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Crianças visitam a sala dos dinossauros do Museu Nacional (Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1)

Imagina acordar num palácio depois de ter passado a noite inteira cercado de esqueletos de dinossauros e acompanhados por índios, múmias e personagens históricos. O que a princípio pode parecer um pesadelo, ou uma cena do filme “Uma noite no museu”, na verdade é o projeto piloto de uma experiência educativa batizada “De pijama no museu”.

Ou seja, pela primeira vez, 20 alunos do Colégio de Aplicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (CAP-Uerj) vão dormir no Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, na Zona Norte.
A noite deste sábado (30) não poderia ser mais excitante para os pequenos pesquisadores do 5º ano do Ensino Fundamental, com idade média de 10 anos, que vão enfrentar uma noite de surpresas e conhecimentos. Vestidos com o uniforme do colégio, mas também carregando roupa de cama, sacos de dormir, travesseiros e até bichinhos de pelúcia, as crianças chegaram ao museu por volta das 17h prontas para viver uma noite de aventura. 

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Alunos do CAP-Uerj selecionados para o projeto pioneiro "De pijama no museu" (Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1)

Ansiedade

Victoria Teixeira Ferreira, de 10 anos, era pura excitação. Enquanto aguardava a hora de se despedir da família, dizia estar pronta para embarcar numa espécie de conto de fadas.
“Espero ver muitas coisas interessante no museu. Já visitei o museu outras vezes, mas esta é a primeira vez na vida que vou dormir fora de casa. Acho que vou aprender muita coisa. E também vai ter uma pontinha de bagunça, né?”, disse Victoria.
A mãe de Victoria, a gerente financeira Ana Rosa Ferreira, estava ainda mais ansiosa. Apesar de estar um pouco preocupada por ver a filha dormir fora de casa pela primeira vez, contava que a menina tinha tido muita sorte.
“Há um mês o colégio nos informou sobre esse projeto. Victoria foi selecionada para este grupo porque houve uma desistência de última hora. Estou meio apreensiva por ela dormir fora, mas acho que vai ser uma experiência incrível. Eu também queria dormir no museu. Será que eles não vão fazer um projeto assim para adultos?”, indagou Ana Rosa.

Irmão de aluno queria embarcar na aventura

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Atores representam os anfitriões Dona Maria, D. João VI e Carlota Joaquina (Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1)

O gerente de recursos humanos Marcos Gomes estava com certa dificuldade para convencer o filho Rafael, de 5 anos, de que não poderia acompanhar o irmão Leonardo, de 10 anos, um dos selecionados para dormir no museu.
“Imagino que eles vão fazer a maior bagunça lá dentro. Imagina passar a noite num lugar com esqueletos, fósseis, múmias. Vai ser uma boa diversão, mas também vai ter um lado cultural muito rico”, disse Marcos.
“Eu queria ficar com meu irmão. Mas também queria ver os esqueletos de noite”, confidenciou Rafael, que não se conformava de ficar fora da brincadeira.

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Escravos dançam jongo para recepcionar os pequenos visitantes (Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1)

Recebidos por Carlota Joaquina

Os alunos foram recepcionados por quatro escravos cantando e dançando jongo, na porta do palácio. Logo depois, eles se despediram dos pais e parentes e entraram no museu. Depois de deixaram as mochilas e os travesseiros no guarda-volumes, foram recebidos pelo rei D. João VI, sua mãe, Dona Maria, e a rainha Carlota Joaquina.
Na recepção de boas-vindas, foi servido um lanche. E, logo depois, os pequenos visitantes foram ciceroniados pela Família Real para conhecer as dependências do palácio.
Um tanto agitada, Karina Braun Malafaia, de 10 anos, não desgrudou do seu coelhinho de pelúcia de estimação. Embora já tivesse dormido na casa de amiguinhos, passar a noite inteira num museu estava mexendo com os nervos da menina.
“Estou muito animada, não estou com medo. Acho vai ser uma noite muito especial, cheia de surpresas. Dona Maria é muito louca”, disse a menina, que já na segunda atividade dentro do museu tinha deixado o inseparável coelhinho de lado, seguindo com os colegas para desvendar o primeiro mistério: a sala da paleontologia, onde estão os esqueletos dos dinossauros.

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Família Real recepciona os visitantes com um lanche (Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1)

Entre as atividades programadas estão um jantar com a Família Real, oficinas nas salas dos meteoros, dos índios e da arqueologia. Uma visita pela sala das múmias e exibição de um filme também estão previstos.

O despertar está marcado para 7h deste domingo (31), quando, depois de desmontado o acampamento – as crianças vão dormir em colchões infláveis na sala dos dinossauros – elas vão se preparar para tomar o café da manhã com os pais, no palácio.

Cem pessoas no evento

A excitação também tomou conta de Sérgio Azevedo, diretor do museu, que contou que há tempos planejava uma atividade como essa. Entre atores, monitores, faxineiros, museólogos, seguranças, professores e até paramédicos, cem pessoas iriam participar do evento.
“Nossa intenção é atrair a atenção das crianças para a história do nosso país e mostrar que adquirir conhecimento, aprender pode ser uma coisa muito fácil e divertida. Preparamos muitas surpresas para as crianças”, enfatizou Azevedo, que quer transformar a experiência num DVD.
O DVD seria divulgado nas escolas para estimular a continuação do projeto e atrair mais patrocinadores. Com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), outras duas edições do “De pijama no museu” estão programadas para os dias 27 de junho e 25 de julho, com alunos do CAP-Uerj.

G1 > Edição Rio de Janeiro

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