quinta-feira, 14 de maio de 2009

Sem limites para o terror

Recuperação de veículos em Manguinhos mostra que bando faz vítimas por todo o Grande Rio

POR LESLIE LEITÃO, RIO DE JANEIRO

Rio - A operação no Complexo de Manguinhos, que resultou na segunda maior apreensão de motos e carros numa ofensiva policial em favelas, terça-feira, confirmou o que investigações da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) já indicavam: a quadrilha que atua na comunidade faz vítimas em todo o Grande Rio. É o que mostra levantamento feito a partir das 42 motos e três carros encontrados na favela.

Ação da Polícia Civil no Complexo de Manguinhos resultou na segunda maior apreensão de motocicletas roubadas já feita em favelas. Foto: Severino Silva / Agência O DIA

Além de 22 bairros diferentes da capital, da Zona Sul à Zona Oeste, os ladrões de Manguinhos atacaram em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, e Niterói. “Já tínhamos essa indicação pelos dados estatísticos das recuperações feitas, mas agora conseguimos uma prova ainda mais concreta. Eles roubam longe de onde moram apostando que não vamos identificar de onde partem. Mas não deixamos de acompanhá-los e, por isso, vamos continuar combatendo dentro daquele complexo”, avisou o delegado titular da DRFA, Márcio Mendonça Dubugras.

Até ontem, a delegacia já tinha levantado os dados de 27 motos e três carros. A partir de hoje, as vítimas deverão conseguir reaver seus veículos, no Pátio Legal, em Deodoro. Pelo relato das vítimas, um dado que chama a atenção é a violência dos criminosos na abordagem.

Foi o caso do roubo a uma moto XT 660R, preta, modelo 2008, registrado na 64ª DP (Vilar dos Teles), em 10 de março. Na ocasião, três homens invadiram a casa de um comerciante de 43 anos, que estava com a mãe, a filha de 14 e a sobrinha de 19. Além de levarem praticamente todos os objetos da casa — eletrodomésticos, quadros, roupas de cama e até o bebedouro —, roubaram a moto. Com medo de o veículo possuir um segredo que a faria parar alguns metros adiante, os bandidos passaram a aterrorizar a família de J.

“Eles jogaram álcool na cabeça da minha filha e na minha, ameaçando tacar fogo. Ainda deram dois tapas no rosto dela. E eu o tempo inteiro dizendo que não tinha segredo nenhum”, contou o comerciante, que vibrou com a recuperação de sua moto: “Ainda tenho 45 prestações de R$ 664 a pagar. Estava pensando até em vender a casa para não ficar com essa dívida”.

Segundo a DRFA, o bando que controla Manguinhos e a vizinha Favela do Jacarezinho é um dos principais grupos de assaltantes do Rio.

Operação de resgate a policial

Sexta-feira, após roubarem a moto de um agente da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), em Colégio, bandidos o levaram para o Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho: “Só não mataram porque não descobriram que ele era policial. Fizemos uma operação e eles o soltaram”, lembrou o delegado da Core, Marcos Castro.
Muitas vezes, bandidos pedem resgate, que varia de R$ 1 mil a R$ 5 mil, para devolver a moto roubada: “Seguro é muito caro, mas eu não quis negociar. Minha esperança era a polícia encontrá-la. E graças a Deus acharam”, festejou o empresário R., 52 anos, que conseguiu de volta sua moto de R$ 34 mil.

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