PM suspeito de tentar ‘vender’ favela

Desaparecido, subtenente teria levado R$ 150 mil para facilitar ação de traficantes

João Antônio Barros e Leslie Leitão

Rio - O desaparecimento há cinco meses do subtenente do 14º BPM (Bangu) Carlos Leite do Nascimento, 46 anos, desencadeou uma investigação interna na Polícia Militar que pode levar à expulsão do policial da corporação. Suspeito de tentar ‘vender’ a Favela da Metral, na Vila Kennedy, para o Comando Vermelho, que retomaria as bocas de fumo na comunidade após quase dois anos, ele será submetido a Conselho de Disciplina, conforme o Boletim Interno da PM de ontem.

Desde 20 de janeiro, houve várias operações para tentar localizar o subtenente, mas não há pistas de seu paradeiro. Na ocasião, a Favela da Metral estava ocupada pela PM por causa da morte, dez meses antes, de um sargento. “A tropa inteira fez um enorme esforço para que ali não houvesse mais tráfico”, diz o o coronel Paulo César Lopes, que comandou o 14º BPM, em seguida chefiou os batalhões da Zona Oeste e hoje está à frente da área da Baixada.

Foi quando surgiu a informação de que o subtenente estaria negociando com o tráfico. As investigações indicam que chegou a haver um encontro entre um representante do bando e um advogado em um shopping. Ali, o acordo teria sido fechado por R$ 150 mil, dinheiro que teria saído da ‘caixinha’ do Comando Vermelho.

“O Serviço Reservado (P2) do 2º Comando de Policiamento de Área (CPA) me trouxe a informação na época de que o tráfico retomaria a Metral desta maneira. Determinei que isso não acontecesse e cheguei a ameaçar de prisão todos os que tivessem de serviço caso isso ocorresse”, lembra Lopes.

Na data prevista para a invasão, o Feriado de São Sebastião, a PM estava de prontidão e os bandidos não voltaram à comunidade. Sumido a partir daquele dia, o subtenente teve o salário suspenso em 1º fevereiro e é considerado desertor.

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