sexta-feira, 17 de abril de 2009

Ex-agentes de trem são indiciados por lesão corporal e constrangimento ilegal

Homem de camisa azul foi identificado como outro agente.
Eles confessaram à polícia agressão a passageiros de trem.

Alba Valéria Mendonça Do G1, no Rio

Os três ex-agentes de controle flagrados agredindo passageiros de trem na estação de Madureira, no subúrbio, na quarta-feira passada (15), foram indiciados pelos crimes de lesão corporal e constrangimento ilegal.

Leonardo Leite de Paula, de 23 anos, Bruno do Espírito Santo de Castro Santos, de 23 anos, e Rodrigo Barroso Balduíno, de 28 anos, confessaram o delito em depoimento na Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD), nesta sexta-feira (17). Segundo o delegado Eduardo Freitas, eles disseram que revidaram cusparadas, pedradas e xingamentos sofridos por surfistas ferroviários e passageiros revoltados com a demora na partida do trem.

“Eles contaram que foram informados pelo rádio por companheiros da estação de Marechal Hermes, que havia surfistas ferroviários e que essas pessoas estavam tacando coisas sobre os agentes. Quando o trem chegou em Madureira, eles tiveram dificuldade para retirar essas pessoas de cima da composição. Os passageiros que já estavam embarcando, revoltados com a demora começaram a agredi-los. A história deles explica o que houve, mas não justifica a agressão”, disse o delegado.

Homem de camisa azul identificado

Os agentes também identificaram o homem de camisa azul e mochila que aparece nas imagens chutando a porta do trem e intimidando passageiros. Ele seria o agente de controle Jorge Teles, que já teria largado o serviço e teria retornado para ajudar os companheiros no momento da confusão.

“Na próxima semana vou ouvir os outros agentes, que por causa de escala de serviços não puderam vir hoje (sexta) e também o funcionário da SuperVia responsável pelo treinamento desses agentes”, disse o delegado, que aguarda a chegada dos depoimentos prestados na 29a. DP (Madureira), pelas vítimas.

Ele também apela para que as vítimas compareçam na delegacia para fazer exame de corpo de delito. A gravidade das lesões vai determinar a pena que os agressores vão receber.

Advogado da empresa reprova conduta

Outros três agentes que estavam trabalhando em Madureira no dia da agressão também prestaram depoimento, mas não foram indiciados. Segundo o advogado da empresa MS Agenciamento de Serviços a Empresas, Luiz Eduardo Guimarães, a atitude dos três agressores não é recomendada nem pela empresa nem pela SuperVia.

“Eles confessaram e estão conscientes de que fizeram besteira. Mas estão arrependidos e assustados porque não tinham noção da repercussão que o caso ia tomar. O trabalho deles de tentar fechar as portas dos trens é de muita tensão. Eles vêem colegas serem machucados, cuspidos e xingados todos os dias. E os passageiros que fazem isso, segundo ele, são sempre os mesmos. Desta vez, eles não se contiveram e reagiram.

Guimarães contou que os agentes depois de passarem pelo teste de seleção da SuperVia – que inclui teste psicológico – recebem treinamento de dois dias, onde aprendem relação interpessoal, aspectos técnicos da ferrovia e legislação. A cada três ou quatro meses os agentes passam por um programa de reciclagem.
“Eles entram sabendo que vão ser xingados, cuspidos, agredidos. Mas também são orientados a não revidar”, afirmou o advogado, acrescentando que Bruno tinha três meses como agente, Rodrigo, quatro meses e Leonardo, nove meses.

Agressores afastados e demitidos

Os três agressores foram afastados da SuperVia e demitidos da MS Agenciamento. Um quarto agente, que também estaria envolvido na confusão continua trabalhando normalmente. O caso dele foi analisado pelas empresas e chegou-se à conclusão de que ele estava tentando apartar o conflito. Esse agente não teve o nome divulgado.
Devem prestar depoimento ainda nesta sexta-feira (17), na DDSD, os dois policiais militares do Grupamento de Patrulhamento Ferroviário que estavam na estação de Madureira no dia da agressão.

G1 > Edição Rio de Janeiro

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