terça-feira, 7 de abril de 2009

CIÊNCIA&SAÚDE - Cenário de pequenos milagres do dia a dia

Hospital de Saracuruna, que salvou a vida de mergulhador ferido por arpão, é exemplo de bom atendimento na rede pública de saúde

POR PÂMELA OLIVEIRA, RIO DE JANEIRO

Rio - O mergulhador atingido na cabeça por um arpão recebeu alta ontem. Emerson de Oliveira Abreu, 36 anos, que chegou ao Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, dia 28, escapou da morte por milímetros. No dia a dia da unidade, é possível verificar que ela é cenário de vários ‘pequenos milagres’. Na última sexta-feira, a dona-de-casa Suely da Conceição Pedro, 39, chegou ao hospital em desespero, no início da noite, com dois filhos atropelados. Algumas horas depois, constatava: “Felizmente, estão sendo atendidos, fazendo exames”.

Foto: Felipe O'Neill / Agência O DIA

“Quando soube do acidente, entrei em desespero porque imaginei o pior. Estou com um aperto enorme no peito”, dizia, chorando, enquanto esperava que o garoto mais novo, Alexandre Pedro, 11 anos, fizesse tomografia. Ele e Aldair Pedro da Silva, 14, foram atropelados quando andavam de bicicleta em Saracuruna.

O Adão Pereira Nunes, que tem se destacado como exemplo de bom atendimento na rede pública, conta com cerca de 80 médicos por plantão na emergência, CTIs e maternidade de alto risco.

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AFLIÇÃO E ALÍVIO

“Só vou ficar tranquila quando tiver certeza que está tudo bem com a cabeça dele”, dizia Suely, que passou a noite ao lado do caçula. As mãos entrelaçadas e o choro contido angustiavam os que passavam pela doméstica. Por volta de 1h da manhã, a boa notícia: “A cabeça dele não tem nada. Tirei um peso. Aldair já está em casa. Agora, só falta Alexandre”. Na mesma emergência, outros pais e mães tentavam manter-se acordados durante a madrugada para acompanhar os filhos. “Minha filha caiu e quebrou o cotovelo. Estou preocupada, mas pelo menos ela será operada hoje”, contou a dona de casa Raquel Duarte, mãe de Jéssica Duarte Costa, 9 , operada durante a madrugada.

Num telão na porta da unidade da Baixada Fluminense, pacientes sabiam quais médicos estavam trabalhando e quais tinham faltado. Às 7h da manhã, fim do plantão de 24 horas, médicos estatutários e terceirizados cumprem uma rotina até pouco tempo incomum em unidades públicas: vão à entrada do hospital e batem o ponto biométrico.

O mecanismo é uma forma eficaz de comprovar a presença, já que é necessário colocar o dedo num equipamento que verifica a impressão digital e registra a hora de entrada e saída de cada profissional.

Unidade é referência para traumas e neurocirurgias

Localizado às margens de duas grandes rodovias, o Hospital de Saracuruna, como é conhecido, é referência para traumas e neurocirurgia, segundo o diretor, Manoel Moreira.

“Recebemos vítimas de acidentes e atropelados graves, além de muitas crianças que sofrem quedas”.

Foi o caso de Kethelen Mateus Farias, 4 anos, que caiu de uma goiabeira e fraturou o fêmur. Pouco antes da meia noite, seu pai, Ronaldo Farias, 25, esperava com os olhos fixos, atento à sala onde a criança estava sendo operada. “Fiquei nervoso quando soube que ela estava internada”.

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