sábado, 23 de maio de 2009

Doação por telefone ameaçada

Empresas de telefonia são chamadas no Senado para explicar pedidos de reajuste feitos a filantrópicas

Brasília - Concessionárias de telefonia se recusam a continuar intermediando doações para entidades filantrópicas atualmente debitadas em contas mensais de telefone. O problema só veio à tona após o senador Raimundo Colombo (DEM-SC) protocolar pedido de audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais, convocando empresas como Oi e Vivo para prestar esclarecimento sobre a negação dos serviços.
Muitas entidades têm como principal fonte de receita as doações por telefone. Mas empresas de telefonia, mesmo ficando com 10% do que é doado, estariam querendo negociar valores dos contratos para reter até 40% do arrecadado, segundo o senador.
Para a LBV (Legião da Boa Vontade) permanecer com o serviço de doação, por exemplo, empresa de telefonia teria pedido 30% dos valores das doações. O DIA teve acesso a uma das cartas enviadas pela Oi.
Na correspondência, o escritório do Rio informa que “até o fim deste mês não receberá mais as doações”.
Apesar de também usarem serviço de doação por linha 0500, projetos como o Criança Esperança, da Rede Globo, e Teleton, do SBT, não devem ser prejudicados. “O sistema 0500, que é regulamentado pela Anatel, continua em plena vigência. A Oi está em negociação comercial com as instituições que promovem campanhas de doações filantrópicas para continuar operacionalizando o pagamento das doações por meio das contas de telefone”, informou a empresa. A assessoria da Vivo foi procurada, mas não respondeu.
A fisioterapeuta Roberta Lia, 31, revoltou-se com a cobrança. “Com parte do dinheiro desviado para interesses privados, não sei se vou continuar contribuindo”, disse.
Limite para caridade em catástrofes
O senador Raimundo Colombo acredita que a restrição afetará negativamente também campanhas emergenciais de arrecadação de fundos, como durante tragédias de enchentes. “Essa atitude trará imenso prejuízo social”, diz. Superintendente do Instituto Mário Penna, Cássio Eduardo Resende, uma das partes convocadas para a audiência no Senado, afirma que a receita do hospital cairá 32% sem as doações por telefone. A Anatel informou que não tem poder para interferir na questão, pois o contrato de doação está no âmbito comercial.

O DIA ONLINE - BRASIL

Nenhum comentário: