quinta-feira, 14 de maio de 2009

Traficantes ostentam poder com espadas de samurai, diz polícia

Arma seria usada por criminosos para mutilar adversários.
Delatores seriam as principais vítimas dos rituais de crueldade.

Aluizio Freire Do G1, no Rio

Ampliar Foto Foto: Gustavo Stephan / Agência O Globo

Foto: Gustavo Stephan / Agência O Globo

Espada apreendida em operação na Cidade de Deus (Foto: Gustavo Stephan / Agência O Globo - 11/11/2008)

Na operação realizada pela polícia na terça-feira (12), na favela de Manguinhos, no subúrbio do Rio, uma espada de samurai chamava a atenção durante a apresentação de uma grande quantidade de armas e drogas apreendidas.

Segundo policiais, a lâmina costuma ser usada pelo chefe do tráfico para demonstrar poder e intimidar desafetos ou integrantes da quadrilha.
“A espada, para eles, é um símbolo de poder. A finalidade é amedrontar delatores, ou integrantes do grupo, para que não cometam erros. E, em geral, para impressionar, fazem disso um verdadeiro ritual de terror público para servir de exemplo para os outros”, conta o delegado Marcus Vinícius Braga, titular da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod).

Ampliar Foto Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

Policiais também encontraram uma espada durante operação em Manguinhos, realizada nesta semana (Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo)

Acostumado a participar de grandes operações de combate ao tráfico, o delegado admite que existem muitas lendas sobre rituais de sacrifício no tráfico que são contadas nas favelas, como se fossem histórias verdadeiras.

“Existe muito folclore, mas sabemos que, em favelas como Manguinhos, Alemão e Coréia, os traficantes são os mais violentos e costumam usar esse tipo de arma contra os inimigos”.
Um policial, com mais de 30 anos de experiência em investigações sobre homicídios, também garante que muitas pessoas já foram vítimas desses “atos sádicos e crueis dos criminosos”.

“É uma exibição de terror. Já encontrei corpos mutilados que passaram por esse ritual satânico”, revela o inspetor, que prefere não ser identificado.  Ampliar Foto Foto: Aluizio Freire Foto: Aluizio Freire

Depósito da polícia já tem um grande número de espadas (Foto: Aluizio Freire/G1)

Em depósito da Polícia Civil, controlado pela Divisão de Fiscalização de Armas e Explosivos (Dfae), as espadas já se destacam entre centenas de pistolas, fuzis e carabinas apreendidas em operações no estado. 

Cresce apreensão de espadas

As apreensões desse tipo de arma têm crescido ao longo dos anos, segundo a polícia. Em 2008, em operações diferentes, duas foram apreendidas na Rocinha, na Zona Sul. Em novembro do mesmo ano, outras duas foram encontradas na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio. Mais uma foi apreendida na favela Vila Vintém, em Padre Miguel, na mesma região, no dia 5 de maio deste ano.
Um dos relatos mais dramáticos do uso de uma espada por um criminoso foi revelado em 2002 pelo delegado Zaqueu Teixeira, então chefe de Polícia Civil.

Depois de obter a confissão de dois integrantes da quadrilha do traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, Zaqueu contou que foi depois de um julgamento sumário que Elias decretou a execução do jornalista Tim Lopes.
De acordo com os depoimentos das duas testemunhas, o repórter foi levado para o alto da favela da Grota, no conjunto de favelas do Alemão, e morto a golpes de uma espada do tipo samurai antes de seu corpo ser queimado.

G1 > Edição Rio de Janeiro

Nenhum comentário: