terça-feira, 12 de maio de 2009

Milícia usa munição de fuzil com ponta de teflon, que não deixa rastro no exame de balística

POR MARIA INEZ MAGALHÃES, RIO DE JANEIRO

Rio - Grupos milicianos no Rio de Janeiro estão usando munição de fuzil calibre 7.62 com ponta de teflon. O material impede que o projétil registre as ranhuras do cano da arma que o disparou, tornando-a irreconhecível nos exames de balística. A descoberta foi feita nesta segunda  por policiais da 24ª DP (Piedade), que prenderam dois homens, apreenderam dois fuzis, uma escopeta, muita munição, um colete à prova de balas da PM e uma mira telescópica na Favela da Covanca, em Jacarepaguá, que é dominada por uma milícia. A coordenadoria da Core participou da operação através de informações do Disque Denúncia.

Entre a munição, há cerca de 20 cápsulas com ponta branca - a de teflon, que impede a identificação do autor do tiro - e mais de dez com chumbo na ponta, que tornaria o impacto do disparo ainda mais forte e letal, capaz até de perfurar blindagens.

"É a primeira vez que esse tipo de munição, usado para driblar os exames de balística, é apreendido. Vamos investigar a procedência", afirmou o delegado titular da 24ª DP. Antônio Ricardo. "Nenhuma corporação utiliza esse tipo de munição".

Seis mandados de prisão

A operação foi realizada para execução de seis mandados de prisão pelo assassinato, em dezembro de 2007, de Wagner Luiz Bragança. Apenas um foi executado, o do motoboy David dos Santos. Ele é acusado de, após uma discussão, ter entregue a vítima aos milicianos da Favela da Covanca. Na ocasião, David fora contratado para buscar Wagner num churrasco em Piedade, área da 24ª DP. Bêbado, Wagner não teria condições de dirigir. No meio do caminho, no entanto, ele pediu para ser levado para a Cidade de Deus, o que David recusou a fazer. Após a discussão, ele levou Wagner para a Covanca, que foi torturado antes de ser morto.

Um outro homem foi preso hoje nessa operação, mas sem relação com o homicídio. Jonata Silva Souza dos Anjos, vulgo Ratinho, foi flagrado na favela com um revólver calibre 38 e foi preso por porte ilegal de arma. Entre os seis mandados de prisão expedidos, pelo um seria relacionado a miliciano. Identificado  nas investigações e no mandado apenas como Craca, ele seria policial militar ou bombeiro, segundo a polícia.

Disque-Denúncia: (21) 2253 1177

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