quinta-feira, 16 de julho de 2009

Lula: ‘senadores são bons pizzaiolos’

Oposicionistas repudiaram declaração do presidente, que alega que a criação da CPI da Petrobras é um gesto de irresponsabilidade

Rio - Declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chamando senadores de “pizzaiolos”, causou polêmica ontem no Senado. A afirmação foi feita por Lula ao ser questionado se a CPI da Petrobras acabaria em pizza por ser comandada por governistas. “Depende. Todos eles (senadores) são bons pizzaiolos”, afirmou ele.
“Enquanto a oposição grita, eu trabalho”, completou Lula. Ele defendeu que há outras formas para investigar as denúncias contra a estatal e sobre os escândalos no Senado. “A CPI é “muito interessante para quem quer fazer um Carnaval. Para quem quer investigar seriamente, precisa ter outros mecanismos”, afirmou Lula, após empossar Pedro Arraes como novo presidente da Embrapa.
A reação no Senado foi imediata. Em votação secreta, os senadores deram o troco, rejeitando, por 30 votos contra 20, a indicação feita pelo governo de Bruno Pagnoccheschi para diretor da Agência Nacional de Águas (ANA).
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) cobrou da Mesa Diretora do Senado que sejam pedidas explicações a Lula. “Não é possível que a gente tenha o presidente da República chamando os senadores de pizzaiolos”, disse o pedetista. Álvaro Dias (PSDB-PR) acusou Lula de ser “o maior pizzaiolo do País”, por não ter punido nenhum de seus assessores envolvidos em escândalos. “Lula não exerce o cargo de presidente com a liturgia que a função exige”, afirmou o tucano.
Demóstenes Torres (DEM-GO) ironizou. “Tem razão o presidente da República, ele ajudou a transformar o Senado em uma fábrica de pizza. Aliás, é o principal protagonista”, disse o senador . O único a defender Lula foi o Almeida Lima (PMDB-SE). Em nota, o líder do PT, Aloizio Mercadante, disse que a afirmação de Lula foi uma “frase infeliz”. Segundo Mercadante, Lula “sempre tem feito a defesa do Senado”.
Duque preside Conselho
Aliado do presidente do Senado José Sarney (PMDB-AP) e um dos principais integrantes da tropa de choque de Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Paulo Duque (PMDB-RJ) foi eleito ontem presidente do Conselho de Ética da Casa. Candidato único, ele obteve 10 votos. Houve abstenção e quatro votos em branco, de senadores do DEM e do PSDB, em protesto contra a escolha de Duque .
Para a oposição, a escolha do senador do Rio foi estratégia da base governista para blindar Sarney, que é alvo de quatro denúncias por quebra de decoro. Caberá ao Conselho, que tem maioria governista, analisar as denúncias.
A primeira reunião do colegiado foi marcada para o dia 5 de agosto. Como presidente, Paulo Duque tem poderes para arquivar as representações contra Sarney. A oposição aposta que Duque fará isso e já se prepara para reagir.

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