segunda-feira, 27 de julho de 2009

Delegado: 'Ana Paula tem um pequeno retardo mental e é mimada'

Responsáveis pela morte da menina Thamires, por causa de celular em Campo Grande, usam fuzil de bicheiros e trabalham para a milícia

POR BARTOLOMEU BRITO, RIO DE JANEIRO

Rio - O delegado titular da 35ª DP, Ronald Hurst, afirmou nesta segunda-feira, que Ana Paula Alves de Souza, de 21 anos, apontada como uma das responsáveis pela morte da colega Thamires de Paiva Miranda, de 15, após discussão por causa de um celular, em uma escola da rede pública, em Campo Grande, teria problemas mentais.
"Ana Paula tem problemas excepcionais e por isso que, com sua idade, 21 anos, estudava na mesma sala de aula de Thamires, que tinha 15 anos. Ela é muito mimada pela família, tem um pequeno retardo mental e na escola, cometia os maiores absurdos e ninguém falava nada, até mesmo os professores, talvez com receio dos parentes dela que são ligados à criminosos da região", contou o delegado.

Foto: Divulgação

Ana Paula, de 21 anos, colega de sala e uma das responsáveis pela morte da menina Tamires, de 15 anos, em Campo Grande | Foto: Divulgação

Para a autoridade policial, Ana Paula não gostou quando começou a ter discussões bobas com Thamires, que não tinha medo dela como as outras colegas.
Nesta segunda-feira, a polícia prendeu, em Campo Grande, o sargento do Corpo de Bombeiros Claudio José Maciel da Fonseca, de 41 anos, do Serviço Secreto (2º Seção do Estado Maior) e lotado no Hospital Central da corporação, no Rio Comprido. Ele é apontado como o autor dos disparos de fuzil que mataram Thamires na noite do dia 9 de julho. A estudante havia brigado com Ana Paula, sua colega de sala na Escola Municipal Gilberto Bento da Silva, onde estudavam à noite.
No dia do crime, o sargento Bombeiro estava na companhia de seu cunhado, o ex-soldado da Polícia Militar Marco Aurélio Ferraz de Souza, de 41 anos, conhecido por Xande, pai de Ana Paula, Nivaldo de Souza Machado Júnior, de 30, irmão do ex-PM e tio da mulher, além de Thiago Sacramento Santana, de 22 anos, estudante de informática da Universidade Estácio de Sá e namorado de Ana Paula.

Foto: Divulgação

Cláudio José Maciel Fonseca, de 41 anos, sargento bombeiro que atirou na menina Thamires | Foto: Severino Silva / Agência O Dia

Parentes de Ana Paula teriam ligações com milícia. Fuzil usado no crime era de contraventor de Santa Cruz

Na casa do sargento, foram apreendidos um revólver calibre 38, uma pistola calibre 9 mm e um Fiat  Palio prata, de placa KYY 0026, idêntico a um dos dois carros que estiveram no local do assassinato da adolescente e um rádio-transmissor, que pertenceria ao Serviço Secreto do Corpo de Bombeiros.
Nas residências do ex-soldado da Polícia Militar e de seu irmão, o delegado Ronald Hurst apreendeu farto material para a instalação de "gatonete, além de munição de fuzil calibre 5.56mm. Assim como o sargento, serão indiciados pelo crime o pai de Ana Paula, o tio dela e o namorado. Os três estão foragidos. O grupo, segundo a polícia, era ligado a milicianos e bicheiros. A polícia já tem informações de que o fuzil usado no crime pertence a um contraventor, de Santa Cruz, que o emprestara ao pai de Ana Paula.

Crime chocou a população

A execução da menina Thamires aconteceu após uma briga entre as duas alunas, motivada pela irritação dela  com o toque do celular de Ana Paula em sala de aula. Thamires levou três tiros de fuzil - um na perna e dois nas costas. O crime aconteceu por volta das 23h, na Rua Vasco de Mascarenhas.
De acordo com o namorado de Thamires, Jacson Generoso, as estudantes teriam brigado porque Ana Paula insistia em atender o celular na sala de aula, o que irritava Thamires. Em depoimento na 35ª DP (Campo Grande), onde o caso foi registrado, Jacson contou que Thamires ligou para ele às 20h45 daquela noite, dizendo que resolveria o problema com a colega à noite, e pedindo que ele a buscasse na saída da aula.
O rapaz diz ter recebido, minutos depois, outra ligação da adolescente contando que havia sido agredida pelo namorado de Ana Paula. Enfurecido, Jacson foi até a escola com o amigo Élber de Paiva, 25 anos, mas não encontrou os agressores. Acompanhado de Thamires e Élber, Jacson saiu de carro à procura do casal, que foi encontrado por eles na Rua Camaipi, próximo ao colégio.

Namorados das alunas trocaram socos

Após discussão, Jacson teria trocado socos com Tiago, e o obrigou a se desculpar com sua namorada. Depois, o casal foi à casa de Thamires para que ela pegasse roupas pois dormiria na residência de Jacson.
No momento em que entravam na casa do jovem, o casal percebeu a chegada de seis homens que estavam num Palio prata e em um Cross Fox preto. Dois deles desceram do Pálio armados com uma pistola e um fuzil. Neste momento Jacson afirma ter visto Tiago dentro do veículo. Depois de revistá-los e agredi-los, o homem que estava com a pistola chegou a apontar a arma para Jacson, mas Thamires entrou na frente dele pedindo que não lhe fizessem mal. Neste momento Jacson gritou para que ela corresse e os dois entraram no quintal da casa dele.
Os bandidos os seguiram e iniciaram os disparos. Jacson conseguiu escapar pulando o muro do vizinho e gritou para que a namorada corresse. Mas Thamires foi baleada no quintal. A menina chegou a ser socorrida por uma equipe do Samu e levada para o Hospital Rocha Faria, em Campo Grande. Mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

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