quarta-feira, 8 de julho de 2009

Grávida que teve braço rabiscado por médico tem alta

Ele anotou número de linhas de ônibus no corpo da vítima e foi afastado.
Três mulheres foram mal-atendidas, e Manoela perdeu bebê.

Do G1, no Rio, com informações da TV Globo

 

Teve alta na tarde desta terça-feira (7) Manoela dos Santos, que estava internada na Maternidade Fernando de Magalhães, em São Cristóvão, Zona Norte do Rio. Na segunda, Manoela teve que ser transferida para a UTI e foi submetida a uma transfusão de sangue.

Manoela perdeu o bebê depois de ter sido atendida com descaso no Hospital Miguel Couto, no Leblon, na Zona Sul, na quinta (2) por um médico que está sendo investigado pela polícia e pela administração municipal, mas não teve o nome divulgado.

Manoela ficou internada desde a quinta (2). Ela teria sofrido um descolamento prematuro da placenta e teria chegado ao hospital Miguel Couto com dores e sangramento. O médico que a atendeu teria escrito em seu braço o nome da maternidade e os números das linhas de ônibus que poderia pegar para ir se deslocar até lá.  Após uma cesariana de emergência, a grávida perdeu o bebê.

Registro de ocorrência

Na segunda, a  delegada titular da 14ª DP (Leblon), Tércia Amoêdo, abriu um registro de ocorrência para apurar denúncia de descaso no atendimento a três grávidas - entre elas, Manoela -, no Hospital Miguel Couto, no Leblon, na Zona Sul do Rio.

A delegada solicitou os boletins de atendimento médico do hospital e da Maternidade Fernando Magalhães, em São Cristóvão, na Zona Norte, onde as mulheres foram atendidas.

As outras duas grávidas que passaram pela mesma situação de Manoela tiveram os bebês na maternidade, sem problemas.

A delegada informou que também vai chamar o médico para prestar depoimento. Se ficar comprovada que a morte do bebê foi consequência da negligência do profissional, ele poderá responder por omissão de socorro com resultado morte, que tem pena alternativa prevista de 18 meses.

O médico do Hospital Miguel ficará afastado de suas funções até o fim das investigações sobre o caso. 

Sindicância no Cremerj

O presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremerj), Luís Fernando Moraes, disse que ficou estarrecido com o atendimento prestado pelo médico do Miguel Couto às grávidas. O Cremerj abriu, nesta segunda-feira (6), uma sindicância para investigar o médico.
“Anotar o nome da maternidade no braço da paciente é um absurdo, é surreal. Estou estarrecido com o fato de ele não ter prestado o atendimento devido. Sangramento é sempre um sinal de alerta. Aquela mulher só poderia ter sido mandada para outro hospital de ambulância. O médico será ouvido e terá todo o direito de se defender”, disse Moraes, acrescentando que as punições do Cremerj variam de advertência à cassação do registro profissional.

O secretário municipal de Saúde e Defesa Civil, Hans Dohmann, e a Procuradoria do Município decidiram, na segunda-feira (6), antecipar a conclusão da sindicância sobre um suposto descaso médico do Miguel Couto para o fim desta semana. O prazo estabelecido anteriormente era de três semanas. 
Depois da vistoria realizada pela Comissão de Saúde, a Secretaria municipal de Saúde garantiu que a partir desta terça (7) todos os leitos estarão disponíveis no hospital.
Ainda segundo a secretaria, há um plano para transferir grávidas quando não tiver vagas. A secretaria afirmou que não faltam profissionais na unidade.

G1 > Edição Rio de Janeiro

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