quarta-feira, 15 de julho de 2009

Casal de argentinos vive com os filhos há mais de um mês no Galeão

Eles alegam não ter dinheiro para voltar ao Panamá, onde dizem morar.
Custo total das passagens ficaria em torno de R$ 8 mil.

Carolina Lauriano Do G1, no Rio

 

Há mais de um mês, um casal de argentinos e parentes de outras nacionalidades estão vivendo no Aeroporto internacional Antônio Carlos Jobim (Galeão). Eles afirmam que moram no Panamá e alegam não ter dinheiro para as passagens de volta.

O casal de argentinos Carlos Ignácio Chaves, de 49 anos, e Liliana Edith Sava, de 43, chegou ao Rio de Janeiro de ônibus junto com as três filhas e a irmã de Carlos, Edith Noeme.

Segundo informações da Prefeitura do Rio, duas das três filhas seriam peruanas e a outra costarriquenha. A irmã de Carlos também seria do Peru.
De acordo com os funcionários do Galeão que estão acompanhando de perto a história da família, o custo total das passagens ficaria em torno de R$ 8 mil. Todos os seis estariam com a documentação em dia.
Uma funcionária do berçário do aeroporto afirmou que a mãe leva as filhas - de 6, 4 e 2 anos - todos os dias para tomar banho no local. Os garçons da praça de alimentação, onde a família costumava dormir, já conhecem os seis latinos e muitos ajudam dando comida. O dono de um salão de beleza contou que eles dormem em cadeiras e as crianças passam o tempo brincando com as clientes.

O outro lado da história

O Consulado da Argentina divulgou nota alegando que ofereceu passagens aéreas para a família ir para a Argentina, porém os responsáveis não teriam comparecido na data acertada para o acordo. O Consulado também informou que ofereceu hospedagem, o que foi negado, além de dinheiro e fraldas para a família.
Ainda de acordo com o Consulado, a família não teria residência legal no Panamá e teria permanecido no país com a ajuda da Embaixada da Argentina no Panamá, além de algumas entidades panamenhas.
De acordo com a Secretaria de Assistência Social do Rio, a família se recusou a ficar em abrigos da Prefeitura, para onde foi encaminhada quando entrou em contato com o órgão. Liliana teria considerado mais seguro ficar no aeroporto.

PM sensibilizado

Desde quinta-feira (2), o PM José Walber dos Santos e a sua mulher, que é funcionária do aeroporto, se sensibilizaram com a história e levaram a família para dormir em um hotel próximo ao Galeão.
“Eu estava levando eles para um hotel, minha mulher fazia compra de supermercado e a gente levava eles de volta para o aeroporto durante o dia. Eles passaram o fim de semana com a minha família e fizemos churrasco, para aliviar um pouco o estresse deles. Na terça um amigo nosso disponibilizou a casa para eles dormirem, mas durante o dia eles continuam no aeroporto”, afirmou o PM.
De acordo com Walber, eles não estão conseguindo êxito com as autoridades para solucionar o problema, porém há uma esperança através da mulher dele, que trabalha na companhia aérea TAM. Ela teria direito a três passagens e iria pedir aos amigos da companhia para também cederem as passagens fornecidas pela empresa. Nesta quinta-feira (16) eles esperam algum retorno da TAM.

Entenda o caso

De acordo com o relato do PM e dos funcionários do Galeão, Liliana teria ido para Buenos Aires no fim de 2008, com toda a família, para visitar o pai dela, que teria sofrido um AVC (acidente vascular cerebral). O estado de saúde do pai teria se agravado e a família precisou permanecer mais tempo na capital argentina. O casal teria esgotado toda a reserva financeira destinada à compra das passagens de volta.
Segundo Walber, eles decidiram vir para o Rio de Janeiro porque a passagem do Rio para o Panamá teria um custo mais baixo do que se eles partissem de Buenos Aires. Uma amiga da família teria comprado as seis passagens com saída do Rio. A família, já sem dinheiro, teria feito baldeações de ônibus para chegar de Buenos Aires ao Rio, o que atrasou em quatro dias a chegada na cidade carioca. Eles teriam perdido o vôo e a amiga teria resgatado o dinheiro e desistido de pagar novamente.

G1 > Edição Rio de Janeiro

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