Novo comandante-geral da PM inova ao nomear duas coronéis para liderar batalhões operacionais responsáveis por Mangueira e Centro. A intenção é alterar 70% do quadro de comando da corporação
Christina Nascimento e Vânia Cunha
Rio - Pela primeira vez na História da Polícia Militar, mulheres vão ocupar o comando de unidades operacionais convencionais. As tenentes-coronéis Solange Vieira e Edite dos Reis Bonfandini, então lotadas na Diretoria-Geral de Apoio Logístico (Dgal), ficarão à frente do 4 º BPM (São Cristóvão), que cobre a região da Mangueira, e do 13º BPM (Praça Tiradentes), responsável pelo Centro, respectivamente. A renovação no front faz parte dos planos do comandante-geral, coronel Mário Sérgio de Brito Duarte, de alterar 70% do quadro de comando e aumentar o efetivo nas ruas, com o corte de cargos burocráticos.
Coronel Mário Sérgio (D) recebe de seu antecessor, coronel Gílson Pitta, a espada de comandante-geral da PM, observado pelo secretário Beltrame e pelo governador Cabral
“Vamos tirar o profissional do setor administrativo. Eles serão realocados principalmente nas áreas de maiores índices criminais e nas UPPs (Unidades de Policiamento e Pacificação)”, explicou Mário Sérgio, após a troca de comando.
O reforço do policiamento também vai chegar às vias expressas, temidas pelos altos índices de violência. Com a extinção do Batalhão de Policiamento de Vias Especiais (BPVE) — prevista por Mário Sérgio para os primeiros meses de sua gestão —, o Batalhão de Policiamento de Rodovias (BPRv) será responsável pela segurança da Avenida Brasil e das Linhas Vermelha e Amarela. Sob comando do coronel Aristeu Leonardo, o batalhão vai agregar o efetivo e a estrutura do BPVE, o que dará à unidade maior capacidade de patrulhamento das vias, com mais policiais e viaturas para coibir os crimes.
Corregedoria concentrará julgamentos disciplinares
As apurações de desvio de conduta na PM terão uma transformação radical. A partir de agora, a Corregedoria vai concentrar os julgamento de Conselho Disciplinar, que antes ficavam a cargo de oficiais dos batalhões onde estavam lotados os investigados. A mudança tem como estratégia acabar com a parcialidade nas decisões.
Capitã Pricilla, líder da Unidade Pacificadora do Santa Marta: modelo
“Os julgamentos devem acontecer em órgão correcional externo. Os encarregados dessa tarefa têm que estar completamente afastados de qualquer hipótese de corporativismo”, disse o comandante-geral, coronel Mário Sérgio. Com a alteração, as delegacias de polícias judiciárias militares (DPJMs) passam a ser departamentos da Corregedoria, não mais órgãos independentes.
Batalhões localizados em áreas próximas serão integrados e subordinados a uma única administração. Dessa forma, o efetivo administrativo vai para as ruas. A PM também contará com a parceria do Instituto de Segurança Pública (ISP) e a subsecretaria de Inteligência no fornecimento de dados e planejamento de ações.
Unidades pacificadoras são prioridade
O projeto de implantação das Unidades de Polícia Pacificadora será prioridade de Mário Sérgio. O novo comandante quer seguir o modelo implantado em cinco comunidades e que teve seu pontapé inicial dado pela capitã Pricilla de Oliveira, no Morro Santa Marta, em Botafogo.
Para dar continuidade ao programa, Mário Sérgio criou o Núcleo de Coordenação das UPPs, que será comandado pelo coronel José Vieira de Carvalho Júnior. A partir da próxima semana, todas as unidades passarão a ser subordinadas ao Núcleo, e não mais aos batalhões de área. “A ideia é unificar as comunidades e elevar a missão de paz. Vamos promover ações de cidadania com apoio de ONGs”, afirmou Carvalho Júnior.
MAIS MIL HOMENS NAS RUAS
MAIS PMS NAS RUAS
O novo comandante quer, de imediato, colocar pelo menos mais mil PMs nas ruas. Mário Sérgio pretende enxugar os quadros dos Comandos de Policiamento de Área (CPAs) com efetivo de mais de 100 homens. “Cada batalhão terá uma semana para me apresentar um plano emergencial de corte da sua gordura burocrática, para passar pessoal administrativo para o serviço de rua”.
MUDANÇAS
Mário Sérgio quer mudar o perfil burocrata adotado nos últimos anos. “O coronel Millan terá dois dias para apresentar um relatório da situação de todas as suas diretorias e seções. Precisamos de radiografia de como está hoje a parte administrativa e promover mudanças que não foram pensadas”.
PMS X MILÍCIAS
A PM terá parceria com a Polícia Civil para investigar o envolvimento de militares com a milícia. “A Corregedoria vai trabalhar integrada com a Civil, para reprimir todo e qualquer envolvimento de policial com este tipo de delito. A polícia tem que trabalhar pela tranqüilidade pública e a paz social”.
REFORMA
Todos os comandantes intermediários serão trocados até sexta-feira. “Os comandos intermediários foram montados no mesmo formato, com sistema administrativo enorme e sem trabalhos operacionais”.
NOVOS COMANDANTES
A lista parcial de mudanças nos comandos dos batalhões até a noite de ontem: 2º (Botafogo), Roberto Gil; 3º (Méier), Marcos Alexandre; 4º (São Cristóvão), Solange Vieira; 6º (Tijuca), Fernando Príncipe; 7º (Alcântara), Ricardo Daflon; 13º (Praça Tiradentes), Edite Bonfadini; 14º BPM (Bangu), Pedro Paulo da Silva; 18º (Jacarepaguá), Luigi Gatto; 19º (Copacabana), Rogério Seabra; 22º (Maré), Rogério Seixas; 23º (Leblon), Sérgio Nascimento; 31º (Recreio), Ricardo Quemento; 39º (Belford Roxo), Nepomuceno; BPRV, Aristeu Leonardo; Bope, Paulo Henrique Moraes; BPChoque, Robson Rodrigues; RPMont, Antônio Germano.
VIVA VOZ
“Historicamente, a troca de comando é um momento de alta tensão. O que estamos vivenciando aqui é o oposto”.
SÉRGIO CABRAL, governador
“Enfrentamos frente a frente a milícia, prendemos e excluímos aqueles que se mostraram incapazes de honrar esta farda”.
CORONEL GILSON PITTA, ex-comandante da PM
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