terça-feira, 14 de julho de 2009

Médico que rabiscou braço de grávida rebate acusações de descaso

Segundo ele, Manoela não apresentava sintomas de gravidez de risco.
O obstetra depôs durante quatro horas na noite desta segunda-feira (13).

Aluizio Freire Do G1, no Rio

 

Depois de quatro horas de depoimento, o médico do Hospital Miguel Couto, José Roberto Tisi Ferraz, deixou a 14ª DP (Leblon), na noite desta segunda-feira (13), acompanhado de dois advogados, mas não quis falar com os jornalistas.

Ele negou, ao delegado assistente Rodrigo Martiniano, as acusações de que teria se negado a prestar atendimento à grávida Manoela dos Santos, que perdeu o bebê no dia 2 de julho.
“Ele alegou que quando atendeu a Manoela ela estava clinicamente estável. E chegou a liberá-la para ir para casa”, disse o delegado. “No depoimento, ele conta que não a encaminhou para a Maternidade Fernando Magalhães, mas fez apenas uma indicação, de uma unidade que é referência do município, caso ela tivesse algum problema”.

Sobre o fato de ter rabiscado braço de Manoela o número da linha de ônibus e o nome do hospital, o médico justificou que não havia papel por perto que pudesse fazer a anotação. “Ele disse que perguntou a uma servente o número do ônibus para orientar a paciente”.

O médico também declarou que não procurou ambulâncias, já que havia liberado a paciente para voltar para casa.

“Segundo ele, quando examinou Manoela ela não apresentava sintomas de gravidez de risco. Achou que as dores eram normais e por isso passou alguns medicamentos, como Buscopan e Aerolin, que ela chegou a tomar lá mesmo”, contou o delegado.
José Roberto teria justificado em seu depoimento o mesmo procedimento em relação às outras duas grávidas que atendeu e também escreveu nos braços das pacientes a indicação da maternidade municipal. “Para ele, o quadro era o mesmo. Elas não estavam em trabalho de parto”.

Boletim médico

No Boletim de Atendimento Médico (Bam), assinado sobre Manoela, o médico registrou que “os batimentos e frequência eram normais”, mas considerou a avaliação feita na paciente como “hipótese diagnóstica de trabalho de parto prematuro”.
O delegado Rodrigo Martiniano não quis adiantar quais serão os desdobramentos da investigação, após as declarações do médico. José Roberto prestou depoimento como autor de omissão de socorro com agravante de morte.

G1 > Edição Rio de Janeiro

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