terça-feira, 7 de julho de 2009

Após troca de comandante, Beltrame diz que PM precisa de renovação

Secretário afirmou que corporação terá planos e será mais arejada.
Ele prometeu ainda mais policiamento nas ruas.

Aluízio Freire Do G1, no Rio

Ao justificar a substituição do comando da Polícia Militar, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, afirmou em coletiva na tarde desta terça-feira (7) que a instituição “precisa de renovação, ser mais arejada e formada por pessoas que apresentem planos e propostas”.
“Em primeiro lugar, estamos preconizando sempre a renovação para que a instituição seja mais arejada. O Mário Sérgio (coronel Mário Sérgio Duarte, que vai assumir o cargo na quarta-feira) é uma pessoa preparada, que tem proposta e transita muito bem na corporação. É uma liderança”, disse Beltrame.
Embora evitasse fazer críticas diretas ao coronel Gilson Pitta, o secretário repetiu várias vezes que a Polícia Militar precisa de “mudanças estruturais”, observando que pretende “reduzir o efetivo de aquartelados” para que haja mais policiamento nas ruas.
Ele não quis, no entanto, relacionar a medida ao assassinato da professora, no fim de semana, em Botafogo, na Zona Sul, durante uma tentativa de assalto. “Essa ostensividade tem que ser mesmo imediata”, acrescentou.

Operacional

Ao fazer uma comparação entre o perfil do atual chefe de Polícia Civil, Allan Turnowski, considerado um policial de estilo operacional, e o novo comandante, Beltrame concordou que os dois são parecidos, mas ressaltou, mais uma vez, que “ambos trabalham com métodos”. Ele negou, contudo, que a polícia vá adotar uma política de enfrentamento.
Sobre a acusação apresentada pelo Ministério Público (MP) contra 30 policiais militares, que seriam responsáveis pela morte de 20 pessoas, consideradas inocentes, durante operações em comunidades, ele disse que a denúncia não pesou na decisão de mudar o comando da corporação.

Ministério Público

“O MP está fazendo o seu papel. Não posso trocar um comandante a cada episódio, com base nisso. Estamos agindo assim pensando em medidas estruturantes. Não vamos condenar essas pessoas porque foram denunciadas. Mas se tiver que punir, vamos punir. A polícia não é paga para matar, mas tem que cumprir o seu dever”.
Repetindo a palavra "renovação", o secretário foi questionado sobre a decisão do coronel Paulo Cesar Lopes, 55 anos, responsável pelo Comando de Policiamento da Baixada Fluminense que anunciou  ter dado entrada com a documentação em seu pedido de aposentadoria. Beltrame comentou:

“Acho que o coronel Lopes, com 30 anos de serviços, já teve tempo suficiente para mostrar seu trabalho. Vamos em frente. Precisamos arejar a corporação com planejamentos prospectivos, com pessoas que tenham planos e projetos. Agora, sobre desentendimentos, se ele se indispôs com alguém, deve ser perguntado a ele”.
O secretário deixou claro, no entanto, que é necessário aumentar o efetivo para que a Polícia Militar desempenhe bem o seu papel e tenha um policiamento ostensivo mais eficiente. “A PM trabalha com o mesmo efetivo de 1982. Tem que readequar. Teremos uma readequação”, garantiu.

Pitta deixa o cargo

O coronel Gilson Pitta, que assumiu a função no final de janeiro de 2008, deixou o cargo na manhã desta terça. Pitta tinha assumido no lugar do também coronel Ubiratan Ângelo, depois de uma crise na corporação.

O comando geral da PM passa a ser do atual diretor-presidente do Instituto de Segurança Pública, coronel Mário Sérgio de Brito Duarte, que já esteve à frente do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), batalhão da Maré (22º BPM) e teve passagens pelo interior do estado. Recentemente, na atual gestão da Secretaria de Segurança, foi superintendente da sub-secretaria de Planejamento e Integração Operacional (SSPIO).

Em nota, o secretário José Mariano Beltrame agradeceu Pitta "pela seriedade e correção com que conduziu sua corporação desde o início. Foram 17 meses de sacrifícios pessoais e de dedicação exclusiva, meses que somam aos mais de 30 anos de carreira a serviço da sociedade fluminense. Que a história do Comandante Pitta sirva de exemplo para os oficiais mais novos da ativa", declarou.

G1 > Edição Rio de Janeiro

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