sábado, 20 de junho de 2009

Sistema do Detran é obstáculo na prova de motorista

Segundo o sindicato das auto escolas, há dois meses 40% das aulas não foram computadas, o que impede o agendamento dos testes

POR ÉLCIO BRAGA, RIO DE JANEIRO

Rio - Quem está tirando carteira de motorista no Rio precisa contar com sorte e paciência. Nos últimos dois meses, o Detran-RJ não consegue registrar o total de aulas cumpridas pelos alunos das autoescolas. O resultado é um desastre. Milhares de alunos ficam sem poder marcar a prova teórica e de direção. “Já fiz todas as aulas para renovar a carteira, mas o Detran não as computou. Por causa disso, vou ter de fazer tudo de novo”, lamenta a pensionista Aleide Maria, 61 anos. As autoescolas preparam abaixo-assinado com a denúncia para levar ao Ministério Público. Procurado por O DIA desde quinta-feira, o Detran não apresentou explicações.

Foto: João Laet / Agência O DIA

Há duas semanas, Thaysa espera que o Detran reconheça sua presença nas aulas para fazer prova teórica

O Sindicato das Autoescolas do Estado do Rio estima que até 40% das aulas não tenham sido computadas. Cada vez que o aluno vai ao curso, ele põe o dedo em aparelho que registra digitalmente a presença. No fim, repete o procedimento. A autoescola envia os dados ao Detran, que deveria atualizar o cadastro.

O sistema de biometria foi implantado ano passado, mas os problemas começaram quando o Detran determinou o reenvio de todas as aulas a partir de maio. “O sistema ficou sobrecarregado”, diz o presidente do Sindicato das Autoescolas, João Pinto Ribeiro.

“O Setor de Aprendizagem do Detran informou que só efetuou 50 mil dos 90 mil reprocessamentos do período”, diz Cláudia Regina Ramos, diretora da Autoescola 2M, de Angra dos Reis, que já compareceu a quatro audiências no Procon. “Os alunos entram com ação contra nós. Mas é culpa do Detran”, alega. Ela tinha 70 alunos em condições de fazer a prova prática no próximo dia 6, mas só conseguiu marcar para a metade.

Reprovações em alta

Sem conseguir comprovar o cumprimento da carga horária, os alunos ficam meses à espera da atualização do cadastro do Detran-RJ. “Quando vão fazer as provas, ficam reprovados. As reprovações estão em aproximadamente 50%”, estima João Pinto Ribeiro, presidente do Sindicato das Autoescolas. Outro problema é que após um ano, o processo para retirar carteira caduca. O aluno é obrigado a começar tudo de novo.

O vigilante Kleber Carvalho de Souza, 29, está preocupado. “Se demorar muito para fazer o teste, vou acabar esquecendo alguma coisa”, diz ele, ainda em aula. O servidor Bruno Santana, 24, já foi reprovado. “Já paguei duas vezes a autoescola e não cogito gastar mais dinheiro. Não quero nem pensar nesse atraso”, afirma.

Magistrada flagrada pelo bafômetro

Desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio, Suimei Meira Cavalieri foi flagrada às 23h de quinta-feira, durante blitz em São Conrado, com teor alcoólico acima do permitido para dirigir. O bafômetro indicou 0,50 miligramas de álcool por litro de ar expelido, quase o dobro dos 0,29 mg/l, que configura infração gravíssima e prevê detenção. Como Suimei tem foro privilegiado por ser magistrada, só teve a carteira recolhida e foi multada em R$ 957,70. Suimei voltava só pela Autoestrada Lagoa-Barra. Segundo a Secretaria Estadual de Governo, após entregar a carteira, ela foi levada à 14ª DP (Leblon), onde o caso foi registrado.

A secretaria informou que a carteira da desembargadora será enviada ao Detran, que pode suspender o direito dela de dirigir por um ano. Através do TJ, O DIA tentou falar com ela, mas não teve retorno.

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