terça-feira, 23 de junho de 2009

Mãe de menina de 4 anos morta diz que viu filho ser agredido pela tia

Maristela foi encontrada pela polícia nesta segunda (22).
Delegado disse que depoimento de menino de 12 anos é fundamental.

Alba Valéria Mendonça Do G1, no Rio

 

A mãe da menina de 4 anos que morreu na semana passada, Maristela dos Santos, disse em depoimento na 36ª DP (Santa Cruz), que sua irmã Geovanna dos Santos costumava agredir seu filho mais velho de 12 anos. Ela contou também que foi expulsa pela irmã da casa onde morava com os filhos e impedida de visitar as crianças.
Geovanna e sua filha Lílian, de 21 anos, são as principais suspeitas da morte da menina Sophie Zanger. Junto com o irmão de 12 anos, Sophie estava sob a tutela provisória da tia desde que Maristela desapareceu, em março deste ano.

A criança morreu com traumatismo craniano depois de ficar internada cinco dias em coma no Hospital Adão Pereira Nunes em Saracuruna, na Baixada Fluminense.
O delegado Aguinaldo Ribeiro da Silva disse que o depoimento do menino, que também é austríaco, será fundamental para esclarecer o caso. Ele quer saber se a prima deles, Lílian, também participava das agressões, e há quanto tempo elas ocorriam.

“ Dependendo dos resultados dos laudos, poderei indiciar a tia e a sobrinha por homicídio. Agora temos que ouvir o pai das crianças e o irmão de Sophie para saber o que realmente aconteceu. Maristela contou que ela e o filho chegaram a ser agredidos algumas vezes pelo ex-marido, o empresário austríaco Sasha Zanger e que ele também quis abusar sexualmente do menino” disse o delegado.

Ao chegar a delegacia, por volta das 17h30, Sasha Zanger refutou as acusações da ex mulher lembrando que ela é uma pessoa doente. Ele contou que, depois da separação, há dois anos, instalou Maristela e as crianças num apartamento de 100 metros quadrados na Áustria e que pagava pensão mensal de 1440 euros.
“Ela sequestrou meus filhos, não posso entender porque minha ex mulher está falando sobre agressões e abuso sexual. Isso nunca aconteceu. Tanto que tenho a guarda exclusiva das crianças. Ela é doente, é verdade, mas também é culpada pela morte da minha filha”, afirmou Sasha.

Delegado aguarda laudo

O delegado Aguinaldo Ribeiro da Silva, da 36ª DP (Santa Cruz), aguarda o laudo cadavérico da menina e o boletim do Hospital Adão Pereira Nunes, onde ela estava internada, para saber se vai mudar a linha de investigação do inquérito, de maus tratos para homicídio. A tia da vítima, Giovanna dos Santos, é a principal suspeita.

Sophie e o irmão nasceram na Áustria, onde Maristela vivia com o marido, o empresário austríaco Sasha Zanger. Ela se separou dele em janeiro de 2008, e fugiu com os filhos para o Brasil.

No dia em que Sophie foi internada, a tia teria dito que a menina tinha sofrido traumatismo craniano ao cair e bater a cabeça durante o banho. Mas profissionais do hospital observaram hematomas e outras marcas de maus tratos na criança.

'A verdade vai aparecer'

O cunhado de Maristela, o guarda municipal Sizenando Viana, compareceu à 36ª DP nesta tarde. Na ocasião, ele disse que a verdade aparecerá nos depoimentos. Ele negou que sua mulher, Giovana maltratasse as crianças.
“As crianças eram bem cuidadas. Ela (Sophie) caiu no banho e bateu a cabeça. A verdade vai aparecer. Não tenho mais nada a falar", disse.
O cônsul da Áustria, Peter Wass, que veio até a 36ª DP para acompanhar o depoimento do empresário austríaco Sasha Zanger. Em entrevista ao G1, Sasha criticou a demora no processo brasileiro que devolve a guarda das crianças ao pai.
“Fico surpreso de como um cidadão austríaco não consegue a guarda de filhos austríacos, depois que a mãe ficou desaparecida por três meses. Na Áustria não existe dupla cidadania. Não posso me posicionar a respeito do caso, mas reconheço que este processo está muito demorado”, disse o cônsul, que há um ano e meio tenta ajudar Sasha a reaver os filhos.

G1 > Edição Rio de Janeiro

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