segunda-feira, 13 de julho de 2009

Polícia caça assassino de cabo do Bope e ladrões de carro

Prisão de criminosos é considerada prioritária pela cúpula da PM, que determinou reforço do Batalhão de Choque e do extinto PPC do Turano na região da Tijuca. Foram deflagradas operações em 7 morros da Zona Norte e do Centro

Luciene Braga e Vania Cunha

Rio - Em resposta à onda de violência que aterrorizou a Tijuca e bairros vizinhos semana passada, a PM decretou uma caçada aos criminosos. Além do reforço no policiamento a partir de hoje com homens do Batalhão de Choque e do extinto Posto de Policiamento Comunitário (PPC) do Turano, a ordem no 6º BPM (Tijuca) é reprimir os bailes funk, quando, segundo a polícia, bandidos aproveitam para fazer os ataques.

Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia

Policiais do Bope prestam homenagem ao cabo que morreu neste sábado após ser baleado na Tijuca | Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia

A cúpula da PM determinou prioridade na prisão dos ladrões flagrados por O DIA roubando o carro de um analista de sistemas na esquina da Rua dos Araújos com a Conde de Bonfim, sexta-feira, e também dos assassinos do cabo do Batalhão de Operações Especiais (Bope) Ênio Santos Santiago. Ele foi baleado ao tentar evitar assalto, também sexta, no Largo da Segunda-Feira. O Clube dos Cabos e Soldados da PM anunciou recompensa de R$ 2 mil a quem der pistas que levem aos assassinos de Ênio, pelo telefone 8181-7307.
De acordo com o comandante do 6º BPM, coronel Fernando Príncipe, a polícia tem informações de que bandidos de outros morros se deslocam para os bailes funk e cometem crimes. “Temos registros relacionados à entrada e saída dos bailes. Os criminosos vão em carros roubados e roubam outros para voltar para casa. Temos que impedir isso”, disse.
O relações-públicas da PM, major Oderley Santos, lembrou que o flagrante feito sexta-feira por O DIA, que mostrou a ação de seis criminosos armados com pistolas, ocorreu no dia em que haveria baile no Salgueiro: “Nos dias de baile registramos assaltos com mortes brutais, porque os bandidos agem de forma desproporcional, sem que as vítimas reajam”.
Desde sexta-feira foram feitas operações em 7 morros da Zona Norte e do Centro. A polícia e o Disque-Denúncia (2253-1177) checam informações sobre os crimes. O embate com traficantes fez outras vítimas: sábado, duas pessoas morreram e outras 6 ficaram feridas no Morro dos Macacos, em Vila Isabel, e um rapaz foi morto no Turano, na Tijuca.
O cabo Ênio foi enterrado ontem com honras militares, no Jardim da Saudade, em Sulacap. Cerca de 200 policiais participaram da cerimônia, que contou com a banda da PM, salva de tiros e sobrevoo de helicóptero. Homens do Bope fizeram oração conduzida pelo assessor especial do comando-geral e ex-comandante do Bope, tenente-coronel Alberto Pinheiro Neto.


Casal salvo por militar agradece


Salvos da mira dos bandidos pela intervenção do cabo Ênio, o casal Jorge Vanzelote e Alessandra Mendes ficou chocado com a notícia da morte do policial. Ontem, eles transmitiram sua solidariedade aos familiares do PM:
“Estamos muito tristes pela morte do cabo Ênio, que no momento do assalto nos protegeu e nos salvou. Acreditamos que, se ele não estivesse ali naquele momento e não tivesse tomado a ação contra os assaltantes, poderíamos estar mortos. Nossos pêsames para a família e amigos. Ele provou ser um policial que honra a profissão e que sempre esteve agindo em prol da população. Achamos ser um anjo que Deus colocou no nosso caminho”.

Vestido com a farda do Bope


'Caveira 37' e ex-01 do Bope, o comandante-geral da PM, Mário Sérgio Duarte, fez questão de ir ao enterro vestido com a farda da tropa de elite. Emocionado, ele não quis falar. Mas, ao lado do secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, convocou a corporação a “transformar a dor da perda do colega em ação”.
Espírita e frequentador de uma igreja evangélica junto com a mulher, o coronel chegou a comentar, durante a internação do cabo Ênio, sua reação à perda de colegas: “A morte é muito dolorosa para mim. Choro por cada soldado meu perdido. Encontro força na crença da existência divina, que ajuda a suportar nossas dores”.

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