segunda-feira, 6 de julho de 2009

MP pede prisão de 30 PMs acusados de matar inocentes

Mortes aconteceram durante operações policiais.
Justiça vai decidir se aceita ou não pedido.

Do G1, no Rio, com informações do Jornal Nacional

O Ministério Público do Rio pediu nesta segunda-feira (6) a prisão de 30 policiais militares acusados de matar inocentes em operações que deveriam combater criminosos. Na decisão, que é inédita, o MP denuncia os PMs por homicídio.

A Justiça vai analisar o pedido de prisão e a decisão pode sair ainda nesta semana.

As histórias contadas por parentes das vítimas são parecidas. Os acusados: policiais militares que mataram em serviço.

“Todos dentro da comunidade sabem que foram os policiais que estavam escondidos em cima de uma laje, não sei por qual motivo estavam escondidos ali, e sem mais, sem menos, sai matando”, contou a mãe de uma vítima.
“Foi na cabeça, na nuca e nas costas”, contou o irmão de um outro jovem vítima de policiais.
“O que dói é isso, entrar dentro de casa da pessoa, matar, e falar que a pessoa foi atingida em troca de tiro, é bandido, arrastar a pessoa como se fosse um bicho, igual eles fizeram, né?” contou outra mãe.

Auto de resistência

Os casos foram registrados como auto de resistência, quando o policial alega que matou para se defender. No Rio, nos últimos seis anos, são três ocorrências desse tipo, em média, por dia.
Os números chamaram a atenção do MP estadual, que passou a fazer reconstituições dos casos para questionar a versão dos PMs.
De 20 mortes investigadas em 2007 e 2008, apenas duas vítimas tinham passagem pela polícia. Todos eram jovens de 14 a 29 anos.
Os laudos da perícia revelam que a maioria dos tiros foi à queima roupa ou pelas costas.

Grupo de extermínio

“Isso é atividade típica de grupo de extermínio, evidenciada pelas provas técnicas, que afastou a versão dos policiais de que houve confronto, de que a hipótese é de auto de resistência e evidencia a execução sumária das vitimas”, afirmou o promotor Alexandre Themístocles.
“A gente só espera que consiga punir os policiais pra que não haja mais casos não só na comunidade onde eu moro, como nas outras partes também”, disse a irmã de uma vítima.
A mãe de outra vítima desabafa: “A gente tenta esquecer, a gente vai vivendo, mas não vou esquecer mais não. A gente sofre pro resto da vida.”
A Polícia Militar declarou que estará à disposição da Justiça para prestar todos os esclarecimentos sobre a atuação dos PMs.

G1 > Edição Rio de Janeiro

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