segunda-feira, 6 de julho de 2009

Caso René Sena: Testemunhas de acusação não reconhecem atiradores em julgamento

Ex-motorista Ednei Gonçalves e o ex-PM Anderson Souza são os acusados da morte do milionário

POR CHRISTINA NASCIMENTO, RIO DE JANEIRO

Rio - No primeiro dia do julgamento de dois dos acusados da morte de René Sena, o milionário da Mega-Sena, no Tribunal do Juri do Fórum de Rio Bonito, testemunhas de acusação não conseguiram reconhecer os supostos autores do crime. Ganhador de R$ 51,8 milhões na loteria em 2005, René foi assassinado a tiros ao ser surpreendido quando tomava cerveja em um bar, na localidade de Lavras.
O julgamento tem previsão de três dias. O ex-motorista de René, Ednei Gonçalves, e o ex-PM Anderson Souza são os acusados pela morte do milionário. Os outros envolvidos, mas que ainda não têm previsão para serem julgados, são Marco Antônio Vicente (Cabo PM); Ronaldo Amaral de Oliveira, o China (Sargento PM); Janaína Silva de Oliveira (professora de Educação Física e mulher de Anderson); e Adriana Ferreira Almeida, viúva e acusada de tramar o crime.

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Os acusados Ednei Gonçalves, de camisa azul, e Anderson Braga, durante o primeiro dia do julgamento no Tribunal do Juri do Fórum de Rio Bonito | Foto: Severino Silva / Agência O Dia 

O júri é composto por cinco mulheres e dois homens. A primeira testemunha a depor, o dono do bar onde René foi assassinado, afirmou não ter condição de reconhecer os atiradores, pois tudo foi muito rápido. Ele disse também que não poderia reconhecer a motocicleta usada no crime, pois o veículo estava sem carenagens e ele se jogou para baixo do balcão.
A segunda testemunha, um homem que conversava com René momentos antes do milionário morrer, se disse incapaz de fornecer informações que pudessem compor um retrato falado dos criminosos. Há dois anos, ao ser interrogado em uma delegacia da cidade, a testemunha teria dito estar apta a reconhecer os assassinos.
Atraso no início do julgamento e jurado passa mal
Para a segunda testemunha, Ednei Gonçalves e Anderson Souza não se parecem com os matadores, pois têm estatura mais baixa e não são tão fortes. Ele afirma que não conseguiria fazer um reconhecimento em decorrência de os bandidos estarem de touca até o pescoço, luvas e blusa pretas. Ele foi o responsável por cobrir o corpo da vítima após os quatro disparos.
O julgamento só começou às 14h30. O atraso deve-se a uma pequena confusão envolvendo um dos integrantes do juri, que chegou a passar mal e afirmar que não teria condições de participar em decorrência de estar em tratamento médico. Mais tarde voltou atrás e disse estar preparado para os três dias. A situação causou mal estar e os advogados de defesa chegaram a pedir à juíza Roberta dos Santos Braga o cancelamento da sessão.
O pai de Anderson Souza e amigos estiveram presentes no Fórum de Rio Bonito. Eles usavam camisetas com a foto do acusado com os dizeres "estão julgando um pai, amigo e filho decente principalmente pela repercussão do caso. Ele é inocente!". 
Crime por motivo torpe
O crime foi cometido por motivo torpe, pois, de acordo com a denúncia, Adriana pretendia se beneficiar de um testamento preparado pelo marido. O homicídio foi praticado, ainda, mediante recurso que impossibilitou a defesa da vítima, pois não foi dada a René a possibilidade de fuga, já que ele não tinha as suas duas pernas, amputadas por complicações causadas pelo diabetes.
As interceptações telefônicas apontam o encontro pessoal de Adriana com Anderson de Sousa e Janaína no dia 6 de janeiro, horas antes do assassinato. A prova desmente a versão apresentada pela viúva de que não teria mantido contato com o casal após Anderson ter sido desligado da segurança de René.
Pesam ainda contra Adriana algumas atitudes, como ter abandonado a fazenda onde vivia com o milionário dois dias antes do crime, em razão de forte briga com René; a transferência de valores da conta conjunta do casal para uma conta pessoal logo após o assassinato e a contratação de um advogado criminalista para sua defesa horas depois do homicídio.

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