quinta-feira, 11 de junho de 2009

Ex-vereador Nadinho de Rio das Pedras é assassinado em atentado na Barra

Extra

O ex-vereador Nadinho exibe o ferimento resultante de uma tentativa de atentado - Foto: Gabriel de Paiva (16.12.2008) / O Globo

RIO - Um dos 225 indiciados pela CPI das Milícias da Assembleia Legislativa do Rio, o ex-vereador Josinaldo Francisco da Cruz, o Nadinho, passou a engrossar ontem uma lista que reúne mais de 20 nomes de pessoas que tiveram a prisão pedida pela comissão e acabaram assassinadas. Ex-sócio do inspetor Félix Tostes, um dos fundadores da milícia de Rio das Pedras e executado em 2007, Nadinho foi assassinado por volta das 13h de ontem, com mais de dez tiros de calibres nove milímetros e de 45. Com a morte do ex-vereador, o governo estadual pode anunciar nos próximos dias a ocupação de Rio das Pedras.

O deputado Marcelo Freixo, que presidiu a CPI das milícias, disse que a lista de indiciados está se tornando um autêntico obituário:

'Estatística da bala'

- Nossa lista de indiciados está se tornando um obituário. A estimativa é a de que mais de 20 indiciados já foram assassinados. Imaginar que pessoas foram indiciadas em dezembro e nada aconteceu na fase judicial mostra que a estatística da bala é mais rápida do que a Justiça.

Os disparos foram feitos por pelo menos três homens encapuzados, que invadiram o condomínio Residencial Provence, no conjunto Rio 2, na Barra da Tijuca.

Eles surpreenderam Nadinho quando ele conversava com o cabo PM Lúcio Silveira, lotado no 4 BPM (São Cristóvão). O ex-vereador tentou se proteger e levou dois tiros nos braços. Correu por 20 metros foi baleado novamente e caiu próximo ao elevador. Os outros disparos foram feitos contra a nuca de Nadinho. Vários carros que estavam estacionados foram atingidos por tiros. A portaria do prédio também foi atingida.

O PM que estava com Nadinho levou dois tiros e não corre risco de morrer. Irmãos e parentes de Nadinho entraram em desespero ao ver o corpo do ex-vereador. O titular da Delegacia de Homicídios, Jader Amaral, não descartou a hipótese do envolvimento de seguranças do condomínio no crime.

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Denúncia de ameaça de morte

Ao depor reservadamente na CPI das Milícias em 9 de setembro de 2008, Nadinho citou os nomes de 11 pessoas que fariam parte da milícia de Rio das Pedras e que o teriam ameaçado de morte. Entre os citados, estão Capitão Queiroz, Major Dilo, Beto Bomba, Getulio, Dalmir e Dalcemir. Atual supervisor de tráfego da Cooperativa de Vans de Rio das Pedras, Dalcemir Barbosa negou as acusações:

Foi o Nadinho que passou a nos ameaçar desde quando Getúlio (Gamas, presidente da cooperativa de vans, morto em maio) testemunhou contra ele no processo da morte de Félix.

Desavenças

Presidente da Associação de Moradores de Rio das Pedras, Jorge Alberto Moreth, o Beto Bomba, também negou que tenha feito ameaças de morte contra Nadinho:

Em 2007, quando ele estava preso pela morte do Félix, decidi me candidatar à presidência da associação. Quando ele saiu da cadeia, disse que "alguém poderia me dar um tiro". Nadinho sabia que eu era o único que podia derrotar o candidato dele, o que acabou acontecendo ( assista ao vídeo: ex-vereador foi acusado de assassinato por topiqueiro ).

Alguns seguranças do Condomínio Rio 2, segundo moradores, seriam ligados à milícia de Rio das Pedras. Os moradores contaram que além da empresa Dinâmica, que presta oficialmente o serviço de vigilância, alguns PMs fazem segurança paralelamente. Além disso, os condôminos disseram que um tenente reformado da PM teria o controle de tudo o que acontece dentro do Rio 2 e de alguns condomínios próximos.

Ocupação à vista

O Secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, afirmou nesta quarta-feira que Rio das Pedras pode ser o próximo alvo da polícia, após o assassinato de Nadinho:

- A gente vai onde o próximo trabalho de milícia nos apontar para ir. Se a consequência da nossa atuação gera outros fatos, nosso compromisso é combater a milícia.

O secretário esteve nesta quarta-feira na posse do novo comandante do Regimento de Polícia Montada (RPMont) e fez um discurso de aviso ao coronel Antonio Uóstom Germano, que assume a unidade:

- Neste governo, não há mais espaço para Batman, Robin Hood ou Curinga. Como nas histórias infantis, a máscara que esconde o herói ou o bandido serviu para esconder a vilania. A missão do novo coronel é identificar as faces ocultas atrás das máscaras.

Extra Online

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