segunda-feira, 22 de junho de 2009

Especialistas dizem que milícias do Rio seguem a estrutura da máfia italiana

Polícia faz operação para asfixiar as fontes de renda dos grupos.
Gravação mostra relação das milícias com a máfia dos caça-níqueis.

Do G1, no Rio, com informações do Jornal Hoje

 

 

As milícias, grupos paramilitares que exigem dinheiro em troca de serviços e de uma suposta segurança na Zona Oeste do Rio, são comparadas a máfia italiana. É assim que especialistas no assunto, como o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), que presidiu a CPI das Milícias, analisam essas quadrilhas.

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“As milícias são embriões de máfias, são organizações que às vezes passam por famílias, núcleos familiares e que dominam territórios. E o que mais se aproxima do projeto mafioso: eles têm o projeto de poder. Eles tem o desejos de ocuparem os espaços públicos, falam em nome da ordem” explicou Marcelo Freixo.

Criminosos treinados pelo estado

O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou que o maior problema é combater criminosos que foram treinados pelo próprio estado, já que a maioria das quadrilhas é formada por ex-policiais.

“É um inimigo muito íntimo. É um inimigo que nós, Estado, fizemos um concurso, colocamos a sua disposição. É um inimigo que nós preparamos, um inimigo que nós treinamos, um inimigo que o cidadão paga” resumiu o secretário.

Operação apreende 170 caça-níqueis

A polícia desencadeou no início de junho a operação Têmis, que tem como objetivo prender milicianos e acabar com as fontes de renda desses grupos. Na ação desta segunda-feira (22), 170 máquinas de caça-níqueis foram apreendidas.
Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, mostram conversas do ex-PM Fabrício Fernandes, o Mirra, com um criminoso da máfia do jogo.
“Foi com aval meu aí. Parei tem 20 dias já. Pedi pra alguém comparecer, aparecer. Até mesmo porque ampliou a área de trabalho vamos dizer assim”, disse Mirra.
O criminoso que pertence à máfia de caça-níqueis responde: “Eu peço a você que deixe o negócio ligado aí, pra gente continuar mantendo respeito aí de ambas as partes”

Chefes identificados

Os chefes de três quadrilhas já foram identificados. Dois estão presos e são ex-PMs: Ricardo Teixeira da Cruz, o Batman, e Fabrício Fernandes, o Mirra. O outro chefe também é um ex-PM, Francisco Cesar de Oliveira, o Chico Bala, que continua foragido.

No grupo também há suspeita de participação de ex- políticos, como o ex-deputado estadual Natalino Guimarães e o ex-vereador Jerominho, que estão presos e negam as acusações.

114 milicianos presos

Em 2009, segundo a polícia, 114 pessoas acusadas de participar de milícias foram presas. As ações estão concentradas em bairros da Zona Oeste, como Campo Grande, onde vivem cerca de um milhão de habitantes. Para a Secretaria de Segurança, as operações fazem parte de um trabalho que vai devolver ao poder público o controle perdido para os milicianos.
Durante a Operação Têmis, vans e motos foram apreendidas e depósitos de gás clandestinos fechados. A polícia também desativou centrais ilegais de tv a cabo que guardavam granadas, armas e munição. Segundo a polícia, a operação foi um golpe nas fontes de renda dos criminosos.

G1 > Edição Rio de Janeiro

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