quarta-feira, 17 de junho de 2009

‘Ela não será presa’, diz advogado de mulher suspeita de matar empresário

Ele diz que ela está em lugar seguro e só aparecerá se prisão for revogada.
Para delegado que investiga o caso, declaração de advogado foi infeliz.

Alba Valéria Mendonça Do G1, no Rio

Depois de passar quase uma hora reunido com o delegado Carlos Augusto Nogueira Pinto, da 16ª DP (Barra da Tijuca), o advogado Mário de Oliveira Júnior afirmou nesta terça-feira (16) que a viúva Alessandra Ramalho D’Ávila Nunes – que tem prisão temporária pedida e está foragida – não será encontrada pela polícia e não se entregará enquanto seu mandado de prisão não for revogado.

Alessandra admitiu, por meio de seu advogado, ter matado o marido, o empresário Renato Biasotto, na madrugada de sábado (13), depois de uma violenta discussão. Segundo Oliveira, ela foi agredida pelo marido e o esfaqueou em legítima defesa, para que ele não agredisse o filho do casal, de 5 anos de idade.
“Este pedido de prisão é ridículo. Não acredito que ela será localizada (pela polícia). Ela está num lugar seguro e não vai ser presa. Esse pedido é um absurdo e não se sustenta. Ela é uma delinquente ocasional”, disse o advogado, informando que Alessandra não se apresentará enquanto não conseguir revogar o pedido de prisão.

O delegado Nogueira Pinto classificou de infelizes as declarações do advogado, que, segundo ele, no afã de defender a cliente, acabou se excedendo nos comentários e desafiou a polícia, duvidando de que Alessandra possa ser presa.
“Foi uma declaração infeliz, de um advogado de outro estado, que não conhece a polícia do Rio. Pode demorar uma semana, um mês ou um ano, mas vamos capturá-la. Creio que ele exagerou no afã de desenvolver uma boa defesa. Mas que não quis menosprezar as autoridades policiais”, disse o delegado.

Pedido será encaminhado ao MP

O juiz Sidney Rosa, titular da 3ª Vara Criminal da capital, determinou nesta terça que o pedido de revogação da prisão de Alessandra seja encaminhado, primeiramente, ao Ministério Público estadual para análise do promotor Marcelo Monteiro. Somente após o parecer do MP o juiz decidirá se mantém a prisão ou atende ao pedido da defesa.
A prisão temporária de Alessandra, pelo período de cinco dias, foi decretada no mesmo dia do crime, pela juíza Michelle de Gouvêa Pestana Sampaio, durante o plantão judiciário. O pedido foi formulado pela 16ª DP (Barra), que investiga o crime. Após o plantão, cópias do inquérito foram distribuídas para a 3ª Vara Criminal, que tem competência de Tribunal do Júri. A defesa alega que a dupla nacionalidade de Alessandra, nascida nos Estados Unidos, não é motivo para a decretação da prisão.

Habeas corpus

O advogado disse que se o pedido de revogação da prisão não for aceito, vai entrar com habeas corpus no Tribunal de Justiça do Rio. Se necessário, ele diz que recorrerá ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília.

Ele também entregou ao delegado um documento com três páginas com pedidos de novas diligências à polícia. Ele pediu a suspensão em caráter de urgência da cremação do corpo do empresário para que novas perícias sejam realizadas.

Também pediu a realização de perícia para detectar o teor alcoólico no sangue de Biasotto, análise química das vísceras para atestar ou não uso de entorpecentes, recolhimento do material sob as unhas do empresário, das vestes e de acessórios, como relógio e cinto.

Homicídio qualificado

O advogado pediu também que o delegado requisite as fitas do atendimento da 15ª DP (Gávea) – onde, segundo ele, Alessandra teria tentado registrar o ocorrido. Ele quer ainda um laudo detalhado do local do crime, assim como depoimento detalhado de porteiros, PMs e peritos sobre o que viram no local, no dia do assassinato do empresário.
“Vamos tentar realizar todo os pedidos para que o advogado não diga que tentamos obstruir a defesa. Já pedi ao IML a suspensão da liberação do corpo para a cremação”, disse o delegado, acrescentando que vai mudar o indiciamento de Alessandra de homicídio simples para homicídio qualificado, por entender que a morte do empresário se deu por motivo desprezível, como o ciúme.

G1 > Edição Rio de Janeiro

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