segunda-feira, 15 de junho de 2009

Delegado investiga participação de policiais na execução de Nadinho

PM e ex-assessor prestaram depoimento nesta segunda (15).
Pelo menos quatro homens encapuzados participaram do crime.

Daniella Clark Do G1, no Rio

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O delegado Jader Amaral, titular da Delegacia de Homicídios, afirmou nesta segunda-feira (15) que há fortes indícios de que policiais tenham participado do assassinato do ex-vereador Josinaldo Francisco da Cruz, o Nadinho de Rio das Pedras, na última quarta-feira (10). 
O delegado disse ter chegado a esta conclusão após tomar o depoimento do PM Lúcio Silveira, que acompanhava o ex-vereador no momento do crime. Ainda segundo o delegado, o PM teve sua vida poupada após dizer aos assassinos que era policial. Ele chegou a ser baleado, mas não teria reagido ou efetuado nenhum disparo.
“O policial militar foi poupado tendo em vista ter declarado a um dos executores ser policial. Por isso o executor passou direto por cima dele, perseguindo o Nadinho. É um dos indícios mais fortes que nós temos em relação a esse possível envolvimento de policiais na execução”, explicou o delegado.

O delegado ouviu ainda nesta segunda um ex-assessor de Nadinho que, assim como o PM, teria um encontro com o ex-vereador no dia do crime para tratar de negócios. O ex-assessor, no entanto, teria chegado atrasado.

Nadinho não estaria usando escolta

O delegado descartou ainda que o PM estivesse trabalhando como segurança de Nadinho, o que chegou a ser cogitado no dia do crime. Lúcio Silveira disse em depoimento que ele e o ex-vereador estavam discutindo negócios em relação à administração de um campo de futebol, no Anil, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio.
Informações apuradas pela policia revelaram ainda que Nadinho teria uma segurança pessoal, mas que ultimamente estaria andando sem escolta, usando apenas seu carro blindado, uma Pajero.

Morte estaria ligada à disputa em Rio das Pedras

Ainda segundo o delegado, não está descartado que o assassinato esteja ligado à disputa de poder em Rio das Pedras, comunidade dominada por milícia na Zona Oeste do Rio.
“A gente não descartou nenhuma hipótese, mas a linha mais forte é com relação àquela briga distante em Rio das Pedras, com relação de milícia, grupos rivais”.
A polícia acredita que quatro homens participaram da execução, com o uso de apenas um carro. Todos, no entanto, estariam usando toucas ninja, o que impede no momento a elaboração de retratos-falados.

Criminosos conheciam bem condomínio

Segundo o delegado, os criminosos conheciam a sistemática de entrada e saída do condomínio em que Nadinho foi assassinado, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. A polícia acredita ainda que o grupo tenha feito um levantamento anterior para que nada desse errado no dia da execução. O delegado ainda não sabe, no entanto, se os assassinos sabiam que o ex-vereador estaria no local naquela tarde ou se faziam tocaia próximo ao local do crime, esperando sua saída.
Funcionários e seguranças do condomínio serão ouvidos pela polícia. Outra pessoa que estaria aguardando Nadinho para um encontro naquele dia também prestará depoimento.
“Vamos ouvir os guardas que estavam de serviço no dia. Estamos avaliando como eles (criminosos) entraram e como saíram. A princípio não aparenta ter o envolvimento de seguranças, mas não descartamos também essa hipótese”, disse o delegado.

Viúva de Nadinho vai ser ouvida

No local do crime foram recolhidos estojos com balas calibre 9mm e ponto 40. A perícia ainda vai analisar quantas armas foram usadas na execução.
A viúva do ex-vereador deve ser ouvida ainda esta semana. Um dos objetivos é descobrir se Nadinho vinha recebendo ameaças.

O ex-vereador foi assassinado na quarta-feira (10) dentro do Condomínio Rio 2, na Barra, onde morava. No mesmo dia, o delegado Jader Amaral chegou a informar que as principais câmeras de segurança estavam quebradas, mas ressaltou na última quinta (11) que algumas registraram o assassinato.

O delegado informou que também vai solicitar as imagens das câmeras da Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio (CET-Rio) para ajudar nas investigações. O objetivo é verificar as vias usadas e o carro utilizado pelos criminosos na fuga.

G1 > Edição Rio de Janeiro

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