quinta-feira, 11 de junho de 2009

PM diz não ter como reconhecer assassinos de Nadinho, afirma delegado

Policial que acompanhava ex-vereador ainda vai depor oficialmente.
Segundo testemunha, criminosos estavam encapuzados.

Do G1, no Rio, com informações do RJTV

 

O policial militar Lúcio Silveira - que acompanhava o ex-vereador Josinaldo Francisco da Cruz, o Nadinho de Rio das Pedras, no momento em que ele foi assassinado - disse à polícia que não teve como reconhecer os assassinos.

Segundo o delegado titular da Delegacia de Homicídios, Jader Amaral, o policial contou que os criminosos estavam encapuzados. O PM foi ouvido pelos investigadores ainda na quarta-feira (10), no hospital. O depoimento oficial foi marcado para segunda-feira (15).

O delegado informou nesta quinta-feira (11) que algumas câmeras de segurança do condomínio onde o ex-vereador foi assassinado registraram parcialmente o crime.
Nadinho foi assassinado na quarta-feira (10) dentro de um condomínio localizado na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. No mesmo dia, Jader Amaral informou que as principais câmeras de segurança estavam quebradas, mas ressaltou nesta quinta que algumas registraram o assassinato.

O delegado informou que também vai solicitar as imagens das câmeras da Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio (CET-Rio) para ajudar nas investigações. O objetivo é verificar as vias usadas e o carro utilizado pelos criminosos na fuga.

Na quarta, o delegado ressaltou que os autores do crime poderiam ser criminosos ligados a grupos de milícia.

Foto: Dório Victor/G1

Cerca de 250 pessoas estiveram presentes no enterro do corpo de Nadinho, em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio (Foto: Dório Victor/G1)

Enterro na Zona Oeste

Cerca de 250 pessoas estiveram presentes na tarde desta quinta no cemitério Recanto da Paz, em Guaratiba, na Zona Oeste, onde foi realizado o enterro do corpo de Nadinho.
A imprensa foi proibida de acompanhar o velório e a cerimônia de enterro. Vários moradores da região de Rio das Pedras foram ao cemitério em um ônibus fretado. O clima foi de tristeza e indignação.

Ex-vereador era ameaçado

O advogado de Nadinho, Edson Fontes, afirmou que a vítima estava recebendo ameaças. Segundo Edson, o ex-vereador teve uma reunião no sábado (6) na casa do advogado. “Ele me falou que estava com muito medo. Ele vinha recebendo ameaças e me disse que estava muito preocupado”.
Nadinho foi morto dentro do condomínio onde morava. Segundo testemunhas, ele estava próximo a área da piscina do prédio quando homens em um carro chegaram atirando contra ele.

Ele fugiu para a área interna do edifício. Um dos homens saiu e continuou atirando contra Nadinho, que morreu dentro do prédio. Ainda de acordo com testemunhas, o homem retornou ao carro, que saiu do condomínio. Os criminosos ainda deram tiros para o alto.
Diversos tiros acertaram a cancela do condomínio e pelo menos outros cinco carros que estavam estacionados. Na hora dos disparos, de acordo com moradores, chegava ao local um ônibus escolar cheio de crianças. Uma faxineira que acompanhou a ação disse que ouviu cerca de 30 disparos e que Nadinho foi atingido principalmente na cabeça.

Foto: Reprodução/TV Globo

Nadinho durante depoimento à CPI das Milícias, da Assembleia Legislativa do Rio (Foto: Reprodução/TV Globo)

Segundo o advogado do ex-vereador, o policial militar que o acompanhava seria seu amigo. O PM Lúcio Silveira também foi atingido e levado para o Hospital Lourenço Jorge, também na Barra.

Citado na CPI das Milícias

Nadinho era uma das pessoas citadas no relatório final da CPI das Milícias da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, do ano passado. Ele já havia sofrido um atentado no fim de 2008.
Nas últimas eleições, Nadinho não se reelegeu, apesar dos 16.838 votos que recebeu. Ele tinha uma condenação por homicídio e era suspeito de chefiar o grupo paramilitar na comunidade de Rio das Pedras, também na Zona Oeste.

De acordo com as investigações, Nadinho de Rio das Pedras era suspeito de ser o mandante do assassinato do inspetor da Polícia Civil Félix dos Santos Tostes, em 2007. Ele e mais dois policiais foram denunciados.

Félix Tostes era suspeito de chefiar a milícia que controlava a comunidade Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio. O inspetor também respondia a um inquérito sobre a máfia dos caça-níqueis. Ele foi assassinado quando o carro em que estava foi atingido por mais de 70 tiros.

Escolta policial

O ex-vereador tinha uma escolta policial desde dezembro, quando sofreu o atentado. O delegado Pedro Paulo Pinho, que na época estava à frente da 32ª DP (Taquara), informou que a proteção, que foi solicitada à Secretaria de Segurança Pública, era feita por policiais do 18º BPM (Jacarepaguá). Mas o delegado não soube informar se ainda havia algum PM dando proteção ao ex-vereador atualmente.
Segundo o advogado, depois de uma viagem de Nadinho ao Nordeste, em fevereiro, a proteção policial teria diminuído.
A Secretaria de Segurança Pública informou que a escolta foi concedida ao ex-vereador, mas era feita somente quando ele solicitava.

G1 > Edição Rio de Janeiro

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