Rio - O soldado do 1º BPM (Estácio) Rodrigo Nogueira Batista foi preso na tarde deste sábado na 6ª DP (Cidade Nova). Ele e o cabo Marcelo Machado Carneiro, que está sendo procurado, são acusados de roubar R$ 1.750 de uma vendedora de 21 anos, estuprá-la e tentar matá-la. O crime aconteceu na noite desta sexta, no Estácio.
Depois de assaltada, ela foi levada para a Estrada das Paineiras, no Alto da Boa Vista, onde teria sido violentada e depois baleada.
Ao pensarem que a vendedora estava morta, os PMs retornaram ao plantão normalmente, encerraram o turno por volta das 7h e deixaram o quartel. O crime só foi descoberto pela polícia depois que a vendedora foi atendida no Hospital Lourenço Jorge, na Barra, onde foi socorrida. O soldado está preso administrativamente por 72h.
'Com as primeiras informações, levantamos o armamento e a viatura que usavam. Conseguimos saber a trajetória que eles fizeram e confirmamos o depoimento da vítima, de que eles passaram em frente ao BPChoque. É muito triste a gente ver que policiais militares fizeram o que somos pagos para combater, o crime', lamentou o comandante do batalhão do Estácio, coronel César Taner, que assumiu a unidade há uma semana.
A vítima levou um tiro de fuzil no rosto mas fingiu estar morta. Ao ser socorrida, no hospital ela denunciou os policiais. A mulher foi aborada ontem pelos dois policiais, que estavam trabalhando, na estação do metro do Estácio.
Segundo a vítima, ela iria para a casa da mãe mas ao descobrirem que ela estava com o dinheiro, o militares a colocaram em uma viatura e circularam com ela por várias ruas, até a levarem para a Estrada das Paineiras.
Antes de segureim para as Paineiras, a moça foi levada até o Batalhão de Choque (BPChoque), no Centro, onde os militares passaram para o carro particular de um deles, que seria um Gol branco. Neste momento, uma outra patrulha que passava pelo local, viu a viatura dos acusados parada em frente ao batalhão. Há informações de que um dos policiais ainda trocou de roupa e guardou a viatura em que circulou com a moça em um estacionamento na Praça Onze.
Segundo as investigações, os PMs tomaram o dinheiro da vítima e exigiram que ela desse mais R$ 20 mil. Como não tinha a quantia, a dupla levou a jovem para as Paineiras, onde foi violentada. Os policiais, então, atiraram contra a vítima. De acordo com o relato dela à polícia, quando viu que seria baleada na cabeça, ela se virou e o tiro atingiu o rosto. Quando viram a moça baleada, os PMs ainda chegaram a iluminar a vítima com uma lanterna na vítima para ver se ela reagia, mas a mulher fingiu estar morta. Com o impacto do tiro, dado a curta distância, ela caiu cinco metros abaixo pela ribanceira.
Ferida e apavorada, a vendedora se agarrou em galhos para voltar à estrada. Quase três horas depois de se arrastar pela mata, ela pediu ajuda a um idoso que passava de bicicleta pelo local. A moça contou que foi ferida pelo namorado e foi levada para o Corpo de Bombeiros. O tiro entrou pelo lado esquerdo do rosto, na altura da bochecha e saiu próximo ao ouvido, mas foi liberada do hospital hoje de manhã.
Na delegacia, a vítima reconheceu seus algozes por fotos, levadas pelo comandante do 1º BPM. Acompanhada por forte escolta policial, a moça voltou ao lugar onde foi violentada para fornecer a investigadores da 6ª DP (Cidade Nova) detalhes do crime. Peritos vistoriaram o local e encontraram um par de sandálias, sangue e uma cápsula calibre 7.62. Também foram apreendidas duas pistolas, fuzil, carabina e Raio-X da vítima. “É um episódio lamentável”, disse o delegado Alexandre Braga. Os policiais foram indiciados por estupro, tentativa de homicídio, roubo qualificado e cárcere privado.
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