sábado, 3 de outubro de 2009

Violência no namoro atinge 85% das adolescentes, diz estudo da Fiocruz

Agressão no relacionamento

O namoro de Mariana (nome fictício), de 16 anos, começou como qualquer outro relacionamento adolescente mas terminou com problemas de gente grande. No início do relacionamento, o rapaz de 24 anos, seu primeiro namorado, era calmo e presente.

Quatro meses depois, ele se tornou autoritário, ciumento, controlador e violento, a ponto de agredi-la verbal e fisicamente diversas vezes. O namoro acabou há nove dias, quando ele, depois de uma crise de ciúmes, bateu na adolescente, grávida de três meses.

— Depois do banho, fui para meu quarto e, ainda nua, ele começou a me bater e dar tapas. Só não deu um soco na minha barriga porque eu me esquivei. Liguei para a polícia, então, ele pegou o celular e jogou na minha cabeça. Não satisfeito, quebrou o videogame nas minhas costas — conta Mariana. — Ele me xingava com frequencia e já me agrediu na frente dos meus amigos.

O caso da adolescente não é isolado. De acordo com uma pesquisa recente realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 85% das adolescentes já viveram formas de violência no namoro, mesmo em relacionamentos de curta duração, como o “ficar”.

Na pesquisa, feita com pessoas de 15 a 19 anos das cinco regiões do Brasil, beliscões, empurrões, tapas, xingamentos e ofensas, inclusive pela internet, foram as agressões mais citadas nos 3.205 questionários respondidos.

— A violência verbal e emocional foram as formas mais citada pelos meninos e meninas, ou seja, em torno de 85% dos jovens do estudo disseram praticar e sofrer esse tipo de agressão.

É importante pensarmos que, independentemente de números, esse tipo de agressão nas relações de namoro e de ficar podem ser preditoras para a violência conjugal na vida adulta — alertou a pesquisadora Kathie Njaine, autora do estudo.

Segundo a professora e coordenadora do Núcleo de Saúde Reprodutiva e Trabalho Feminino da Escola de Serviço Social da UFRJ, Ludmila Fontenele Cavalcanti, as meninas não notam que estão em um relacionamento agressivo:

— Elas têm dificuldade de perceber que estão em um namoro violento. Depois, chegam a um ponto que fica difícil de sair. Elas têm medo de terminar e serem difamadas ou excluídas do grupo de amigos

Casos de Cidade - Extra Online

Nenhum comentário: