segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Mãe morta por bala perdida na Penha é enterrada

Filha dela, de 11 meses, continua internada em estado grave.
Crime aconteceu no domingo (25), na Favela Kelson's.

Do G1, no Rio, com informações da TV Globo

 

O corpo de Ana Cristina Costa do Nascimento, de 24 anos, morta por bala perdida no domingo (25), na Favela Kelson's, na Penha, subúrbio do Rio, foi enterrado na tarde desta segunda-feira (26), no Cemitério de Irajá. A bala atingiu as costas da dona de casa, saiu pelo peito e acertou o braço de um bebê de 11 meses, que estava no colo da mãe.

De acordo com a Secretaria estadual de Saúde, a criança está se recuperando bem de uma cirurgia pela qual passou no antebraço. A secretaria informou, no entanto, que o estado de saúde dela ainda é grave. Ele segue internada no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, sem previsão de alta.

O enterro de Ana Cristina reuniu mais de cem pessoas. Com pedidos de paz e cartazes de protestos, parentes e amigos fizeram um pedido ao lado do caixão com o corpo da dona de casa. Além do bebê de 11 meses, Ana Cristina deixa dois outros filhos de 6 e 3 anos, respectivamente.

Também na tarde desta segunda, moradores queimaram pneus em protesto contra a morte a dona de casa, no acesso à Favela Kelson's. Policiais militares voltaram para o local para liberar o trânsito. Um carro blindado foi usado. Segundo a Polícia Militar, o veículo foi usado para proteger as equipes.

Depois da manifestação, a Polícia Civil fez uma perícia no local do crime. Os PMs que faziam o patrulhamento no momento do tiroteio acompanharam o trabalho. Agentes da 22ª DP (Penha), onde o crime está sendo investigado, não quiseram dar detalhes sobre as investigações e informou apenas que o resultado da perícia deve ficar pronto em dez dias.

O delegado Felipe Ettore, da 22ª DP, disse que está investigando todas as possibilidades: de o tiro que matou Ana Cristina e feriu a filha dela ter partido dos policiais ou dos criminosos. O delegado vai aguardar o laudo que vai informar o calibre da bala que atingiu a vítima e a filha dela.

Marido acusa policiais

Pela manhã, o marido de Ana Cristina afirmou que os disparos que mataram a sua mulher e feriram sua filha vieram de policiais. “A polícia, quando foi por volta de umas 22h30, a polícia entrou, o poste estava claro, tinha luz, dava pra eles verem que tinha uma família seguindo pra ir embora pra sua casa e eles entraram atirando”, disse o marido da vítima que não quis se identificar.

O porta-voz da Polícia Militar, capitão Ivan Blaz, reafirmou, na tarde desta segunda-feira, que policiais do 16º BPM faziam patrulhamento na região na noite de domingo quando a viatura foi alvejada por traficantes. Ele disse que os policiais não revidaram, porque havia muitos pedestres na rua, no momento.

Blaz disse ainda que a PM lamenta a morte da vítima e que as armas dos policias já foram disponibilizadas para a perícia, para colaborar com a apuração dos fatos. A PM informou também que ajudou os feridos.

Foto: Celso Meira / Agência O Globo

O padrinho da bebê internada, que socorreu mãe e filha, com a camisa suja de sangue (Foto: Celso Meira / Agência O Globo)

Como foi o crime

O crime aconteceu quando Ana Cristina e mais seis pessoas – entre elas, o marido e mais dois filhos - passavam pela Rua Marcílio Dias, em direção à Avenida Brasil e vários disparos foram feitos na noite de domingo.

De acordo com parentes das vítimas, por volta das 22h de domingo, a vítima, que morava em Vista Alegre, no subúrbio, saía da favela com a família. Segundo eles, ela tinha ido visitar a irmã, que mora na Favela Kelsons, e seguia para um ponto de ônibus na Avenida Brasil, quando policiais em quatro patrulhas do 16º BPM (Olaria), entraram atirando na favela.

Eles informaram ainda que outras pessoas do grupo não foram atingidas pelas balas porque conseguiram se jogar no chão, no momento dos disparos.

G1 > Edição Rio de Janeiro

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