sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Expressão 'bandidos fardados' abre crise entre PM e AfroReggae

Coordenador do grupo criticou policiais publicamente em encontro no QG.
Comandante considerou ofensa: "refuto essa expressão dentro de quartel".

Aluizio Freire Do G1, no Rio

 

O comandante geral da Polícia Militar, coronel Mario Sergio Duarte, considerou “ofensa à corporação” uma crítica feita pelo coordenador geral do AfroReagge, José Junior, que, ao final do encontro no Quartel Central , no Centro do Rio, chamou o capitão e o cabo envolvidos no caso de Evandro João da Silva de “bandidos fardados”.

Na coletiva, na tarde desta sexta(23), o coronel já enfrentara uma situação de constrangimento ao ouvir o músico Anderson Elias dos Santos sustentar que, 50 minutos após ser baleado, o coração de Evandro ainda batia, mas dois PMs teriam reagido com indiferença ao pedido de socorro.

Após o encontro com os representantes do AfroReggae, o coronel Duarte declarou aos jornalistas, que foram chamados à sala do comando:

“Não gostei do José Junior ter usado a expressão bandidos fardados. Não havia necessidade, tomei isso como uma ofensa à corporação. Ele foi acolhido neste quartel da Polícia Militar que está empenhado em elucidar todo o caso. Portanto, refuto essa expressão dentro do quartel. Não há dor que justifque isso”, disse o comandante da PM.

O AfroReggae, obra social que se empenha em evitar o envolvimento de jovens de comunidades com o narcotráfico, por meio da música, tem procurado, ao longo dos anos, manter um bom relacionamento com a Polícia Militar.

Nova denúncia de omissão

O comandante geral do PM do Rio, Mario Sergio Duarte, enfrentou nova situação de constrangimento numa coletiva na tarde desta sexta-feira (23) ao saber que pode ter havido omissão de outros policiais do 13º BPM na morte do coordenador de projeto sociais do AfroReggae Evandro João Silva, na madrugada de domingo (18).

Um integrante do grupo, o músico  Anderson Elias dos Santos, contou que encontrou Evandro com vida, 50 minutos depois de o amigo ser baleado, pediu ajuda a dois PMs que estavam no local e os dois reagiram com indiferença.

“Recebi um telefonema dizendo que o Evandro que tinha sido baleado no Centro e corri para o local. Cheguei 50 minutos depois. Levantei a cabeça do Evandro, coloquei a mão no peito e senti que o coração ainda estava batendo. Pedi ajuda ao policial, mas ele disse que era assim mesmo, que o coração ia parando aos poucos”, explicou, acrescentando que se sentiu impotente vendo o amigo morrer.

Anderson disse que não sabe o nome do policial, já que era outra patrulha que chegara ao local. A viatura em que estava o cabo e o capitão suspeitos de crime não estava mais na Rua do Carmo, no Centro do Rio.

Desconcertado, o comandante geral da PM garantiu que “todas as coisas que estão sendo ditas serão investigadas”.

“A corporação tem que ter coragem pra encarar esse momento. A corporação está sendo acusada, e não queríamos passar por isso. É difícil passar por tudo isso, mas isso não significa que não tomaremos providências”, afirmou.

G1 > Edição Rio de Janeiro

Nenhum comentário: