terça-feira, 14 de julho de 2009

Ex-banqueiro Salvatore Cacciola foi obrigado a ficar nu durante revista em Bangu 8

Antônio Werneck

RIO - O ex-banqueiro Salvatore Cacciola, que está preso na penitenciária Pedrolino de Oliveira, o Bangu 8, acusou guardas e diretores do presídio de truculência. Durante uma revista em sua cela este ano, Cacciola disse ter sido obrigado a ficar nu na frente de outros presos. A denúncia consta de um relatório de 56 páginas assinada pelos procuradores do Ministério Público federal, Marcelo Freire Gino Liccione e Orlando Cunha Fábio Seghese.

O documento foi produzido após inspeção realizada pelo Ministério Público federal em presídios do Rio que abrigam presos federais. A inspeção aconteceu nos meses de abril, maio e junho deste ano, com o objetivo de dar cumprimento aos termos da Resolução nº 32/97 do Conselho Superior do Ministério Público Federal e da Resolução nº 20/2007 do Conselho Nacional do Ministério Público.

O ex-banqueiro Salvatore Cacciola chega ao presídio Ary Franco, em Água Santa em 17/07/2008. Foto: Marcelo Carnaval

Os procuradores são do Grupo de Controle Externo da Atividade Policial da Procuradoria da República do Rio. Eles ouviram presos que também reclamaram de truculência de guardas e uso de spray de pimenta sem necessidade; de instalações precárias, inclusive de ambulatórios médicos; e da má qualidade da alimentação, servida muitas vezes estragada.

Cópias do relatório foram enviadas para o secretário de Administração Penintenciária, para o juiz da Vara de Execução Penal; para representantes da OAB e para membros da Justiça estadual e federal do Rio.

Cacciola foi condenado em primeira instância pela Justiça Federal, em abril de 2005, por peculato, desvio de dinheiro e gestão fraudulenta. Em 1999, para evitar a falência do Banco Marka, do qual Cacciola era dono, o Banco Central (BC) socorreu a instituição em uma operação que gerou prejuízo de quase R$ 1,6 bilhão aos cofres da União.

(Entenda o caso Cacciola)

O ex-banqueiro saiu do país dias depois de ter obtido um habeas corpus, concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio de Mello. Antes da decisão, Cacciola passara 37 dias detido na carceragem do Ponto Zero, em Benfica, no Rio. Foragido do Brasil, Cacciola foi preso em Mônaco em setembro do ano passado. O governo brasileiro conseguiu extraditá-lo para o país.

No primeiro mês na prisão, o ex-banqueiro chamou a atenção porque estaria comendo pratos refinados, como lagosta, que ele encomendaria de restaurantes chiques da cidade. A Secretaria Estadual de Administração Penitenciária abriu sindicância para investigar como o alimento teria chegado a Cacciola fora dos dias de visita. O ex-banqueiro, porém, negou o privilégio. O advogado dele chegou a dizer que Cacciola tem alergia a frutos do mar.

Extra Online

Nenhum comentário: