quarta-feira, 22 de julho de 2009

Romário não vai depor, e polícia dá prazo

Ex-jogador tem até sexta para prestar esclarecimentos.
Caso contrário, ele será intimado a falar sobre jogo de pirâmide.

Aluízio Freire Do G1, no Rio

 

O delegado Robson da Costa Ferreira da Silva, titular da Delegacia de Defraudações (DDEF), disse, na tarde desta quarta-feira (22), que vai esperar até a próxima sexta-feira para que o ex-jogador Romário se apresente para prestar esclarecimentos sobre seu possível envolvimento no jogo conhecido como pirâmide, que teria resultado na morte de uma pessoa.
“Queremos ouvi-lo para saber se ele teria sido uma espécie de chamariz desse jogo, se foi vítima, ou se realmente teria conhecido os envolvidos em um caso de homicídio. Para isso, estamos pedindo cópia da investigação conduzida pela delegacia de Piedade sobre o assassinato”, afirmou o delegado.
Segundo Robson da Costa, no dia em que o ex-craque foi notificado para comparecer à delegacia, ele alegou que teria compromissos profissionais. “Hoje, esperávamos ele às 15h, mas seu advogado ligou dizendo que ele teve problemas pessoais. Caso não compareça até sexta, vamos intimá-lo com dia e hora para se apresentar”.
O delegado disse ainda que pretende ampliar a investigação para identificar a suposta participação de policiais civil e militar, bicheiros, jogadores e artistas no esquema. “Vamos a fundo para abrir esse leque e descobrir o alcance desses tentáculos”, completou.
Robson da Costa explicou que quem organiza esse tipo de jogo pode responder por estelionato, crime contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro. A pena pode chegar até 15 anos de prisão. 
O delegado Sérgio Lomba, titular da 24ªDP (Piedade), também pretende ouvir o ex-atleta para “elucidar alguns pontos obscuros” na investigação sobre o assassinato de Glauber de Jesus Matos Nascimento, de 37 anos, que teria conhecido o craque e até usado um veículo importado de sua propriedade.

Romário nega envolvimento

Em seu primeiro depoimento na delegacia de Piedade, Romário negou qualquer participação ou envolvimento em esquemas de jogo ou no que poderia ter motivado a morte de Glauber. A vítima foi executada com tiros de fuzil no dia 10 de janeiro, na Abolição, na Zona Norte do Rio.
“Em seu depoimento, Romário não fala sobre a denúncia de que teria oferecido um jipe Hummer para abater a dívida de um suposto amigo, identificado como Jorge Alexandre Tavares Domingues. Isso chegou a ser questionado à mulher de Glauber, mas ela disse que desconhecia se o marido teria usado um carro desse tipo”, contou o delegado.

Segundo a polícia, Romário foi ouvido porque havia informações de que ele teria presenciado uma briga entre Glauber e Jorge Alexandre.
Na ocasião, Romário disse que conheceu Glauber - conhecido como "Índio - dois meses antes de sua morte. O ex-jogador também disse que conheceu Jorge Alexandre, para ele apenas "Alex", em um posto de gasolina na Barra da Tijuca, próximo ao condomínio Golden Green, onde o ex-craque morava.
Uma testemunha afirma em depoimento que, na época, Glauber teria ameaçado Alexandre de morte e, para evitar o pior, Romário teria oferecido o jipe importado.

Após a publicação desta reportagem, o blog Casos de Polícia, do jornal Extra, publicou uma entrevista com Romário, na qual ele alega inocência. "Isso é uma situação que o tempo vai dizer. Os absurdos daqui a pouco vão clarear", diz.

Envolvimento com máquinas caça-níqueis

No depoimento, a mulher, embora casada há 13 anos com Glauber, afirma ainda que o marido não falava com detalhes sobre seu trabalho, dizendo apenas que trabalhava como segurança. Ele era suspeito de envolvimento com máquinas caça-níqueis.
A polícia já fez várias diligências para localizar Alexandre, inclusive em dois endereços no Recreio e em um escritório no Centro, mas ele não foi encontrado.

“Esse sujeito pode ser a chave da questão. Vamos fazer outras diligências e localizá-lo para esclarecer esses envolvimentos no jogo e o assassinato do Glauber”, avalia o delegado Sérgio Lomba.
De acordo com depoimentos que fazem parte da investigação, Jorge Alexandre seria o cabeça do esquema, mas a “pirâmide” teria quebrado e causado prejuízos para várias pessoas que faziam parte do jogo.
Segundo a polícia, Alexandre possui em seu nome um veículo Chrysler modelo 300L, ano 2006. Ele responde a uma acusação de apropriação indébita de um Fiat Siena, conforme registro feito na 32ª DP (Taquara) em agosto de 2005.
Já Glauber foi condenado por porte ilegal de arma de fogo, em 2000, pela 2a Vara Criminal de Bangu; possui uma outra condenação, no mesmo ano, por atropelamento com morte; e foi denunciado por homicídio em 2003.

G1 > Edição Rio de Janeiro

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