sexta-feira, 3 de julho de 2009

Gilberto Palmares: Motoritas são preparados?

Deputado estadual (PT) e presidente da CPI das Barcas

Rio - A negligência e o descaso são os principais responsáveis pela morte de Luana, arrastada por um ônibus quando voltava da escola para casa. Não se trata apenas da falta de preparo psicológico do motorista para lidar todo dia com um trânsito caótico. Ou da falta de treinamento no contato com o público. Trata-se, sim, de política de absoluto desrespeito com os passageiros, em particular os beneficiários das gratuidades, como estudantes e idosos.
Durante quatro anos fui presidente da Comissão de Trabalho da Alerj e nessa condição recebi dezenas de denúncias de motoristas profissionais sobre jornadas extenuantes e regras abusivas, como tempo máximo para parada em cada ponto e limitação do número de estudantes e idosos autorizados a viajar. A discriminação a esses segmentos já chegou ao cúmulo de, em São Gonçalo, grávidas residentes em determinados bairros estarem impedidas de andar em ônibus comuns porque a empresa simplesmente instalou duas roletas, na porta de entrada e na porta de saída, para dificultar o acesso das gratuidades.
A mudança da roleta para a parte dianteira do veículo e a prática do motorista acumular a função de cobrador não são medidas que visam a beneficiar o passageiro, ao contrário. A prioridade é o lucro.
Num cenário desses, qual o valor de um treinamento que, supostamente, prega a educação e a gentileza no contato com o público quando as regras impostas vão no sentido contrário? Enquanto estudantes e idosos forem vistos pelas empresas de ônibus como cidadãos de segunda categoria, Luanas de 12 ou de 70 anos continuarão a ser números nas estatísticas de vítimas do trânsito.

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